O porta-voz do Conselho de Estratégia Nacional (CEN) do PSD e vice-presidente do partido David Justino fez esta quarta-feira um duro ataque à ministra da Justiça, Francisca Van Dunem. Aos microfones da TSF, David Justino considerou que "a ministra esteve a negociar quanto é que vai receber quando sair do Governo, qual vai ser o seu ordenado quando integrar os quadros do Supremo Tribunal de Justiça". Em causa está o processo negocial para retirar o teto salarial aos juízes, abrindo a porta a que ganhem mais do que o primeiro-ministro. Para o dirigente social-democrata a governante acabou por agir por "interesse próprio", uma vez que é juíza-conselheira do Supremo Tribunal de Justiça, apesar de não estar a exercer a função pelo cargo político que ocupa.
Do outro lado, a ouvi-lo, estava Carlos César, presidente do PS, no programa "Almoços Grátis" da TSF. O dirigente socialista considerou estas declarações de Justino inaceitáveis: " Até onde é que vamos chegar nesta demagogia infame de tentar atirar às pessoas labéus que são inconcebíveis? Acho inacreditável", afirmou Carlos César.
O Ministério da Justiça reagiu de forma dura às palavras do vice-presidente social-democrata: "A proximidade de processos eleitorais não justifica que seja decretada a morte da decência e elevada a infâmia à categoria de virtude".
Numa resposta enviada ao i, o Ministério da Justiça acrescenta que "O autor da afirmação está seguramente a julgar outrem à luz dos seus próprios padrões comportamentais. As suas palavras apenas dizem do que seria capaz de fazer se respondesse por uma área política correspondente à sua especialização profissional". A tutela insistiu que a governante "agiu e agirá neste longo processo como responsável política sem nunca transigir na defesa do interesse público".
Antes desta reação David Justino contextualizou ao i o que quis dizer na TSF:" O que quis dizer é que o conflito de interesses não abrange só os deputados que são advogados. Este é um claro caso de conflito de interesses".