Já terminou a reunião que estava agendada para a noite desta terça-feira entre o Governo, o Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM).
Sem conseguirem chegar a acordo, a greve dos motoristas de matérias perigosas vai continuar.
De acordo com declarações feitas à RTP3, Gustavo Paulo Duarte, da ANTRAM, afirmou que o objetivo principal deste encontro era a “definição dos serviços mínimos” e que a greve continua, mas com "uma base de entendimento sobre quais serão os serviços mínimos nos próximos dias.
De acordo com o líder da ANTRAM, nos serviços mínimos está previsto o total abastecimento de "aeroportos, hospitais, tudo o que tenha impacto na sociedade civil, como bombeiros, polícia de segurança", não havendo previsão de cortes nestes abastecimentos.
Na reunião, em que estiveram presentes o ministro Pedro Nuno Santos e o secretário de Estado Jorge Delgado e que teve lugar no Ministério das Infraestruturas e Habitação, ficaram "claramente definidos os serviços mínimos descritos na requisição civil" e “a ANTRAM vai exigir que estes sejam cumpridos”.
A ANTRAM disse ainda estar disposta a negociar, mas esse diálogo "deve acontecer fora do contexto de greve. Não deve haver negociações sob pressão. A ANTRAM não fará negociações com sindicatos havendo greve". O presidente disse então que esperava que o sindicato levantasse a greve, uma vez que "a ANTRAM já mostrou a sua disponibilidade para se sentar e conversar".
Mostrando-se firmemente contra a forma como todo o processo deste protesto foi conduzido, primeiro a "greve e depois o diálogo", a ANTRAM sublinhou ser imperativo "apelar ao bom senso das pessoas que estão ainda em greve, porque é uma atividade demasiado importante para ser gerida desta forma."
Gustavo Paulo Duarte referiu ainda que está previsto realizar-se "30% do abastecimento habitual nos grandes centros de consumo".
Por seu lado, o vice-presidente do SNMMP, Pedro Pardal Henriques, deixou clara a posição do sindicato, perante as imposições da ANTRAM. "Até reunirem connosco, a greve continuará", declarou.
"A primeira conclusão a que chegámos nesta reunião foi a promessa da ANTRAM de que estava disponível para conversar connosco", continuou o vice-presidente, salientando que está a "defender os trabalhadores e não contra as empresas".
Pardal Henriques sublinhou que "o cumprimento dos serviços mínimos previstos na requisição civil" foi sempre intenção da ANTRAM. “A requisição civil determina que as empresas sinalizem o número de funcionários necessários para cumprimento dos serviços mínimos e a ANTRAM disponibilizou-se para enviar ainda hoje essa listagem." Já o sindicato terá que "indicar os trabalhadores que irão fazer o cumprimento dos serviços mínimos”.
No que respeita ao abastecimento civil, Pedro Pardal Henriques afirmou que este acontecerá apenas nas duas maiores cidades do país, Lisboa e Porto, prevendo problemas no abastecimento do resto do país.
Recorde-se que na origem desta reunião está a greve nacional dos motoristas de matérias perigosas, que teve início à meia noite de segunda-feira e que foi convocada pelo SNMMP com o objetivo de reivindicar o reconhecimento da categoria profissional específica. Esta greve foi convocada por tempo indeterminado.
Há já centenas de postos de abastecimento sem combustível e, durante esta terça-feira, criaram-se várias filas de trânsito em diversos pontos do país devido à enorme afluência às bombas de combustível, por parte da população.
Atualizada às 23h57