A hipótese de uma crise politica parece estar cada vez mais afastada. PSD e CDS voltaram a exigir que a recuperação do tempo de serviço dos professores dependa das “condições económico-financeiras do país” e a esquerda não acompanha esta proposta.
O Bloco de Esquerda esclareceu que “não está disponível para nenhum recuo face ao que foi aprovado nos orçamentos do Estado para 2018 e 2019” e que “seria esse o significado da aprovação das propostas de PSD e CDS”. Os bloquistas rejeitam “as propostas que obrigam futuros governos a critérios impostos por Bruxelas para impedir a recuperação integral do tempo de serviço dos professores no futuro”.
O PCP, num comunicado divulgado ao final do dia, considera que “as propostas apresentadas por PSD e CDS significariam fixar um prazo de, no mínimo, 50 anos para a concretização da contagem integral do tempo de serviço, fazendo-a ainda depender das regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento”. Para os comunistas, a “solução para o problema que está criado com a recusa do Governo em concretizar o direito à progressão na carreira e o recuo de PSD e CDS, relativamente a um texto que aprovaram e defenderam na passada quinta-feira, tem de ser a de lutar pela aprovação desse texto em votação final global”.
Nogueira pressiona
O secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, apelou aos partidos de esquerda para não inviabilizarem as propostas do PSD e do CDS. “A alternativa não é uma negociação sem critérios, é apagar esse tempo. Seria estranho para os professores que os partidos de esquerda viessem a inviabilizar a recuperação do tempo de serviço”, afirmou ontem, em declarações à SIC, o sindicalista. O líder da Fenprof defende que a esquerda estaria a fazer um “favor” ao Governo, que “quer apagar aos professores seis anos e meio”.
Os socialistas aproveitaram para incluir a polémica com os professores na pré-campanha e lançaram duras críticas à direita. António Costa acusou, num comício em Campo Maior, “aqueles que foram os campeões da austeridade” de estarem a colocar em causa “a reconquistada credibilidade internacional do nosso país”. Os partidos de esquerda foram poupados numa intervenção em que o secretário-geral do PS desafiou a direita a “emendar o erro” que cometeu. Ontem à noite, em entrevista à TVI, o primeiro-ministro voltou a ameaçar demitir-se caso o diploma seja aprovado. “Aguardo serenamente”, disse.
“Um erro enorme”
Marques Mendes considera que PSD e CDS cometeram um “erro enorme” quando alinharam com a esquerda na contagem do tempo de serviço dos professores. O comentador defendeu no domingo que Rui Rio e Assunção Cristas fizeram bem em recuar, mas que quem ganhou com a crise política foi António Costa. “Ele pôs ordem na casa e terminou a crise. Isto é o que fica para a história”, concluiu.