O dia de ontem começou cedo para a CDU, que realizou uma ação de campanha no Forum Sintra e esteve em contacto com os lojistas. João Ferreira, candidato pelo partido às Europeias, distribuiu panfletos e sorrisos, apelou à importância do voto e reforçou um tema antigo mas que tem sido assunto do dia: o trabalho ao domingo nas grandes superfícies comerciais.
“Esta é uma campanha que envolve algumas dificuldades a nível do vosso trabalho, o que é paradigmático de uma realidade que nós queremos aqui evidenciar”, começou por dizer aos jornalistas João Ferreira, uma vez que não foi possível aos profissionais da comunicação social tirarem fotografias ou filmarem dentro do centro comercial. Ao i, um segurança do espaço comercial explicou que não foi pedida autorização à administração para que a captação de imagens.
Iniciada a visita, João Ferreira entrou nas lojas apenas com João Pimenta Lopes, eurodeputado da CDU. O motivo? Contadores à entrada das lojas. “Esses contadores têm o efeito de cálculo de produtividade desses trabalhadores. Por isso, perante muita gente que entre para fazer um contacto mas não para fazer compras, os trabalhadores acabam por ser penalizados por isso”, explicou João Ferreira.
Esta não foi a primeira ação de campanha do partido junto do comércio mas o objetivo é reforçar que os trabalhadores “enfrentam a realidade da precariedade laboral e dos baixos salários”, garantiu.
Existe, explicou João Ferreira, “uma total desregulação de horários, uma enorme dificuldade de compatibilização entre a vida profissional e a vida familiar, trabalho a horas completamente desreguladas, trabalho aos domingos – estamos aqui não por acaso hoje, ao domingo, para o evidenciar – e uma enorme precariedade e baixos salários”, disse o candidato.
Questionado sobre o facto de ter escolhido aquela superfície comercial em específico, João Ferreira desvalorizou. “Escolhemos uma grande superfície que é o exemplo de tantas outras que há por este país fora. Grupos que, ao contrário dos trabalhadores, acabam por ser beneficiados por um conjunto de regras de um mercado único e da União Europeia que lhes permite fazer todo um jogo em termos de transferência de lucros entre sedes”, disse, acrescentando que “muitos destes grupos têm sedes em países que têm tributações muito baixas, autênticos paraísos fiscais, como é o caso da Holanda e do Luxemburgo, e que fazem uma manipulação de preços de transferência e um muito agressivo planeamento fiscal”.
No seu entender, este fator faz com que os grupos acabem “por não pagar os impostos que deviam pagar no nosso país mantendo, ao mesmo tempo, todo este mar de precariedade e baixos salários à sua volta”.
Terminada a visita, as surpresas foram poucas ou nenhumas. “Mesmo fora do período de campanha, visitamos com muita regularidade este centro e outros do género e confirma-se o quadro conhecido de generalização de precariedade laboral, com uma multiplicação de todo o tipo de contratos, com horários desregulados, com muito baixos salários e com obrigatoriedade de trabalho ao domingo e feriados. Estamos a falar de milhares e milhares de trabalhadores nesta situação”, descreveu João Ferreira.
Combater estas situações, seria, garantiu o candidato, “criar condições para o lazer, convívio, família, criava condições de defesa e salvaguarda do comércio tradicional”, que se queixa de concorrência desleal.