Transportes. Governo nega que caos esteja instalado

Partidos pediram investimento nos tranportes, mas tutela nega que existam problemas.

Os transportes públicos marcaram o debate parlamentar de ontem sobre alterações climáticas, proposto pelos Verdes. A maioria dos partidos exigiu mais oferta, mas o Governo desvalorizou.

“Não é por dizer que há o caos que há o caos. Não há caos coisíssima nenhuma”, defendeu o ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, em reação à intervenção de André Silva, deputado único do Pessoas-Animais-Natureza (PAN), que falou num “quadro de pleno caos” no Metro de Lisboa. Antes dele, já outros deputados tinham defendido a mesma ideia. No centro da contestação, a medida de retirar lugares sentados em carruagens do Metro, anunciada esta semana.

Matos Fernandes admitiu ver a iniciativa da transportadora como positiva – por criar “mais espaços para malas” e “carrinhos de bebé” -, tendo-lhe mesmo chegado “inúmeras queixas”. E questionou os vários partidos: “Vêm dizer que andam a arrancar bancos? A área em metros quadrados nas carruagens não foi alterada por este Governo. Essa reforma não fizemos”.

Além do metropolitano, também os barcos marcaram a discussão, em especial a recente polémica em relação à ligação fluvial entre o Barreiro e Lisboa. Sobre esta matéria, João Pedro Matos Fernandes notou que “assim que acabou a greve [de mestres das embarcações], deixou de haver qualquer problema nos transportes”. A empresa “tem um navio de folga e não navios a menos”, disse ainda o ministro. Entretanto, ao final da tarde de ontem, ficou a saber-se que as ligações fluviais entre as duas cidades devem parar esta quinta-feira entre as 13h25 e as 16h30, em ambos os sentidos, devido a um plenário dos sindicatos da empresa.

“Só falta colocarem ao serviço dos utentes vagões de mercadoria”, lançou a bancada do PSD, que anunciou que irá apresentar um plano de emergência para o setor. Na bancada do CDS ouviu-se que “o ministro precisa de passar das palavras aos atos”, acusando o ministro de tratar as pessoas “como sardinhas em lata”, pela voz do deputado Hélder Amaral.

Na esquerda, também não foram poupadas críticas. O Bloco de Esquerda lamentou que os utentes estejam agora a ser confrontados com a redução da oferta, depois da entrada em vigor do passe único. O PCP, por sua vez, mostrou-se satisfeito com a insistência relativamente à medida, por ter “enorme alcance e significado e fundamental do ponto de vista ambiental e de promoção do transporte coletivo em detrimento do transporte individual”. Mas os comunistas pediram também “mais investimento, ir mais longe, reforçar horários e carreiras”.