Líder do PCP não fecha porta a nova geringonça mas só quer conversar depois da eleições

Secretário-geral do PCP só quer discutir “futuro Governo” depois de conhecer “a nova arrumação de forças que resultará das eleições”.

Aumento nos salários e pensões, mais investimento nos serviços públicos e a redução dos impostos sobre os trabalhadores são algumas das prioridades do programa do PCP. Jerónimo de Sousa, que apresentou ontem as linhas gerais do programa que será conhecido em julho, não fechou a porta a uma nova geringonça, mas frisou que só a seguir às legislativas será possível avaliar eventuais entendimentos com os socialistas.

“Se é para andar para trás, não contarão com o PCP. Se é para avançar, se é para conseguir melhores condições de vida dos trabalhadores e do povo, naturalmente que contarão com o PCP nas diversas formas institucionais que podem existir”, afirmou o secretário-geral dos comunistas, frisando que “antes de discutirmos o futuro Governo, temos de discutir, naturalmente, a nova arrumação de forças que resultará das eleições de outubro”.

Para Jerónimo de Sousa, os últimos quatro anos provaram que é possível dar “passos importantes”, mas não foi possível ir mais longe porque “o Governo do PS optou pela submissão às imposições do euro e da União Europeia e pela subordinação aos interesses do capital monopolista”.

A disponibilidade do PCP para apoiar um novo governo socialista depende, sobretudo, da abertura do PS para aceitar as propostas dos comunistas. As prioridades do PCP são “a concretização do aumento geral dos salários, o combate à pobreza, a melhoria das condições de vida e o aumento futuro das pensões de reformas, disse Jerónimo de Sousa, reafirmando a aposta no aumento do salário mínimo nacional dos 600 para os 850 euros mensais.

O programa do PCP para as eleições legislativas vai também defender que “o país precisa de uma política orçamental orientada pela prioridade do investimento público”. Para que isso aconteça, alertam os comunistas, é necessário “uma política que mobilize o excedente orçamental não para o sorvedouro da dívida”, mas sim “para o investimento público” – uma opção que, a par de “uma justa política fiscal, da gestão criteriosa e rigorosa das despesas públicas e de um forte impulso ao crescimento económico, seja capaz de assegurar a base material para um elevado nível de investimento público nas infraestruturas e equipamentos do Estado, no desenvolvimento qualificado de todos os serviços públicos essenciais, bem como em áreas como a justiça e as Forças Armadas”, explicou, em conferência de imprensa, o secretário-geral do PCP.

A regionalização é outra das bandeiras do PCP para a próxima legislatura. Jerónimo de Sousa defendeu que um país coeso e equilibrado exige “a implementação da regionalização, combatendo o processo de desresponsabilização e de transferência de competências”, a recuperação das “freguesias segundo a vontade das populações” e “o reforço das condições do poder local com capacidade financeira reforçada”.

 

Legislativas

O PCP apresentou mais cinco candidatos às eleições legislativas. João Oliveira, advogado e atual líder parlamentar, vai voltar a encabeçar a lista da CDU pelo círculo eleitoral de Évora. João Dias, enfermeiro, volta a concorrer por Beja, e Manuel Pires da Rocha, professor de violino, lidera a lista pelo círculo de Coimbra. Os comunistas anunciaram ainda, em comunicado, que Ana Leitão, professora, será a cabeça-de-lista por Castelo Branco e que Herlanda Amado, operária conserveira e membro da Assembleia Municipal do Funchal, vai encabeçar a lista pela Madeira.