O ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva, está de saída da vida política. O SOL sabe que, caso o PS vença as legislativas, o governante e um dos nomes de peso dopartido não quer continuar a fazer parte de um próximo elenco de ministros e recusa também um lugar de deputado.
Fontes socialistas adiantaram ao SOL que esta é a vontade do ministro e que já a terá comunicado a António Costa. Até porque, de acordo com as mesmas fontes, em 2015, antes de formar o atual Governo, Vieira da Silva não tinha vontade de assumir funções governativas e, nessa altura, foi com alguma dificuldade que António Costa conseguiu convencer o ministro para gerir a pasta do Trabalho e da Segurança Social.
Desta forma, o futuro do atual ministro pode passar pelo regresso ao ISCTE, onde deu aulas da disciplina de Economia Social, na licenciatura e mestrado de Economia Social e Solidária, sendo ainda professor convidado daquela instituição de ensino superior, cuja reitora é a ex-ministra da Educação do PS, Maria de Lurdes Rodrigues.
Outro cenário em cima da mesa para o futuro de Vieira da Silva é a aposentação, tendo em conta que o ministro tem 66 anos.
Este último mandato de Vieira da Silva ficou marcado pelo caso Raríssimas. O ministro é amigo da ex-presidente da Raríssimas, Paula Brito e Costa, que terá usado as verbas da instituição para despesas pessoais, como cursos de formação avançada, vestidos, viagens ou automóveis. Além da relação pessoal com a ex-presidente da Raríssimas, Vieira da Silva – que tutela as IPSS – omitiu no seu registo de interesses que, entre 2013 e 2015, foi vice-presidente da Assembleia Geral da associação.
Na altura, o i também noticiou que o ministro teria conhecimento que a dirigente apresentava a Raríssimas a outras instituições como sendo uma fundação, sem que tenha esse estatuto.
Vieira da Silva – que foi membro do secretariado nacional do PS quase dez anos – conta com quase 15 anos de experiência governativa, como ministro ou secretário de Estado em várias pastas. Com a sua futura saída do Parlamento e do Governo, é Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, quem passará a ser o governante com mais anos de experiência governativa desde o 25 de Abril, já que tem também 15 anos de funções em vários Executivos (de Guterres, Sócrates e Costa).
Impasse de Ana Catarina Mendes e o futuro de Centeno Ana Catarina Mendes – que será cabeça-de-lista pelo PS em Setúbal – é outro dos nomes que pode vir a não fazer parte da próxima equipa de Governo, caso o PS vença as legislativas.
O SOL sabe que António Costa quer a número dois no partido para gerir a pasta da Presidência do Conselho de Ministros.
Mas a polémica dos laços familiares entre membros do Governo – o ‘familygate’ – está a levar o primeiro-ministro a ponderar essa solução, não sendo ainda certo que António Costa acabe por levar Ana Catarina Mendes para um próximo Executivo, caso os socialistas vençam as eleições. É que Ana Catarina Mendes tem o seu irmão, António Mendonça Mendes, no elenco governativo – é secretário de Estado dos Assuntos Fiscais no Ministério de Mário Centeno.
Mas a maior incógnita para uma futura equipa de Governo está nas Finanças. O SOL sabe que Mário Centeno não tem vontade de continuar como deputado ou como ministro, por razões pessoais e profissionais. Desejo que Mário Centeno já manifestou junto do primeiro-ministro, mas António Costa tem vindo a tentar convencer o governante a continuar no próximo elenco de governantes.
Foram já várias as vezes que António Costa frisou que quer Mário Centeno para continuar como ministro das Finanças numa próxima legislatura. Ontem, aliás, o primeiro-ministro esteve no Conselho Europeu, em Bruxelas, onde aproveitou para pedir aos líderes da União Europeia para renovarem o mandato de Mário Centeno à frente do Eurogrupo, sendo que o mandato do ministro só termina em junho de 2020.
E este é o argumento que tem sido utilizado por Costa para convencer Centeno a continuar como seu ministro das Finanças. Mas é um trunfo que não tem sido suficiente para levar Mário Centeno a mudar de ideias.
‘Tralha’ guterrista de fora Depois de notícias a darem conta que Mário Centeno estava apontado como cabeça-de-lista pelo PS em Faro, o ministro das Finanças garantiu ao i que não vai liderar qualquer lista de candidatos do PS. Caso Mário Centeno venha a fazer parte de alguma lista de candidatos, o ministro das Finanças será incluído na lista de Lisboa, ocupando o 5.º ou 6.º lugar, sabe o SOL.
As listas de candidatos do PS vão ficar fechadas até 18 de julho, sendo que o programa eleitoral será apresentado dois dias depois.
Mas há já alguns nomes que estão em cima da mesa, sendo que a chamada ‘tralha guterrista’ – como Vicente Jorge Silva chamava aos ‘homens do aparelho’ de segunda linha no tempo em que eram liderados por Jorge Coelho – sairá do elenco dos candidatos a um próximo mandato. São os casos de Joaquim Raposo ou Miguel Coelho.
No Porto, está ainda em aberto o nome para cabeça-de-lista mas a decisão de Costa será entre Matos Fernandes, ministro do Ambiente, e Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros. Ainda no círculo da Invicta, estão de saída Renato Sampaio, próximo de Sócrates e, e outro guterrista, Fernando Jesus, ambos com mais de 20 anos de experiência como deputado.
Também o ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Rocha Andrade, pode estar de saída do Parlamento por motivos judiciais, estando acusado no caso das viagens da Galp. É que o Ministério Público entende que o ex-governante «não tem idoneidade suficiente para exercer qualquer cargo público».
Outros dos nomes apontados são o da ministra da Saúde, Marta Temido, para liderar a lista de Viseu, e Tiago Brandão Rodrigues, para encabeçar a lista de Viana do Castelo. E o SOL sabe que Costa ainda não desistiu de convencer o ministro Siza Vieira a encabeçar uma lista.