Há uns anos, no meio de outras informações sobre a presença da Seleção portuguesa de futebol na fase final de uma competição internacional, li uma pequena notícia que me soou estranha.
Um dos jogadores nacionais tinha jantado com uma modelo ida de Lisboa, que regressou a Portugal no dia seguinte. Interrogado sobre se a referida modelo era namorada ou amiga do jogador, uma fonte próxima deste respondeu prontamente que não. E acrescentou que era ‘normal’ irem jovens portuguesas de Lisboa ou do Porto jantar com futebolistas, dormirem no hotel e regressarem no dia seguinte.
Evidentemente, os jogadores pagavam todas as despesas.
As portuguesas que recebiam estes convites eram muitas vezes modelos, artistas de telenovela ou jovens apresentadoras de TV. Não conheciam os atletas mas viajavam a seu convite, jantavam com eles, dormiam e depois voltavam a casa.
Percebi assim que isto era uma prática corrente. Que tinha evidentemente um nome: prostituição. Prostituição encoberta, de luxo, mas prostituição. Como é que a coisa se processava? Os jogadores diziam aos empresários ou a amigos que gostavam de ‘conhecer’ fulana de tal que tinham visto na televisão ou numa revista, estes falavam com as raparigas – e elas, se acediam ao convite, faziam o dito programa de uma noite.
Aliás, podiam juntar o útil ao agradável – pois os futebolistas eram jovens, saudáveis e famosos, pelo que não seria propriamente um sacrifício passarem uma noite com eles. Os rapazes podiam não ter muita conversa, mas também não era preciso.
Vem isto a propósito de uma acusação de violação feita pela brasileira Jamila Trindade ao célebre futebolista Neymar.
Diz ela que começou a corresponder-se com o jogador e depois mandou-lhe fotos em que surgia despida, confessando que o objetivo era mesmo conseguir que ele a convidasse a ir a Paris e passar com ele uma noite. Neymar tornara-se para ela uma obsessão, e estava determinada a ter relações sexuais com ele.
As coisas aconteceram como previsto.
Sucede que, um tempo depois de consumado o ato, Jamila veio acusar Neymar de violação. Porquê? Porque ele não usara preservativo – ou praticara um tipo de sexo diferente daquele que ela perspetivava.
Não há testemunhas do que se passou no quarto, mas as imagens que existem são de um vídeo em que se vê a rapariga… a bater no jogador – e ele, deitado, a defender-se com os pés. A Justiça brasileira, porém, parece ter aceitado a queixa!
Estamos no reino da loucura. Uma jovem que não conhece um fulano provoca-o, faz tudo para o levar a um quarto de hotel, e depois queixa-se de estupro!
Não aprecio muito Neymar. É um jogador com um potencial enorme, que poderia ter sido um dos maiores futebolistas da história, mas que está a passar ao lado de uma fabulosa carreira. Falta-lhe cabeça, estabilidade emocional, para ser o monstro que poderia ser.
Mas uma coisa é não gostar – outra, muito diferente, é entrar numa campanha para o destruir. Ora, é nisso que parece estar empenhada Jamila.
Esta história faz lembrar o processo em que está envolvido Ronaldo com a americana Cathryn Mayorga.
Ambos mostram que é usual os jogadores de futebol terem relações ocasionais com jovens mais ou menos conhecidas. E também parece claro que, no geral, essas relações são consentidas – ou mesmo desejadas. Já é mais discutível saber se o tipo de relação é ou não o que as jovens desejavam. Mas, nestas situações, é muito difícil dizer quem tem razão. E mais difícil ainda é descobrir a verdade.
Se a justiça der razão a Jamila (e a Mayorga), abrimos um precedente onde tudo será possível: tentativas de extorsão ou mesmo de destruição da carreira de futebolistas famosos. Valendo os jogadores centenas de milhões de euros, podemos ter no futuro emissárias de empresários ou de clubes rivais apostados em destruir-lhes a reputação.
Por menos simpatia que eu tenha por estas práticas, uma jovem que vai para o quarto com um jogador e depois se queixa dele por sexo inapropriado não me merece muita credibilidade.
Repito: a irmos por aqui, abrimos caminho a todas as armadilhas – seja por razões financeiras (isto é, pesadas indemnizações), seja por razões desportivas.