"Comunico que fui ontem (quinta-feira) constituído arguido no processo relativo ao chamado 'caso Tancos'. Esta condição, se é verdade que me garante mais direitos processuais, é absolutamente inexplicável tendo em conta os factos relativos ao meu envolvimento do processo, que foi apenas de tutela política", informou Azeredo Lopes, num comunicado citado pela agência Lusa.
O antigo governante, acusado de denegação de justiça, diz-se "convicto" de que vai ser "absolutamente ilibado de quaisquer responsabilidades neste processo".
"Confio na Justiça, com ela colaborarei, como é meu dever, e estou convicto, porque nada fiz de ilegal ou incorreto, que serei completa e absolutamente ilibado de quaisquer responsabilidades neste processo", sublinhou.
Azeredo Lopes adiantou que não vai tecer “quaisquer considerações sobre o processo enquanto estiver em segredo de justiça”, mas não esconde que a situação o “desgosta e constrange”. “A condição de arguido, sendo juridicamente garantística dos meus direitos, é socialmente destruidora”, frisou ainda.
Recorde-se que o furto de material de guerra nos paióis de Tancos foi divulgado pelo Exército em 29 de junho de 2017, sendo que quatro meses depois, a Polícia Judiciária Militar comunicou o aparecimento das armas – granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições – num terreno na região da Chamusca, a 20 quilómetros de Tancos.
Quer o furto quer o aparecimento das armas levaram a investigações judiciais que resultaram na detenção e na demissão de vários responsáveis de topo de instituições ligadas ao caso. Aliás, o próprio Azeredo Lopes apresentou a sua demissão do cargo de ministro da Defesa na sequência do caso em outubro de 2018.