O presidente do PSD confessou esta semana que preferia que «houvesse menos tumultos» no seu partido. A confissão (à Rádio Renascença) surgiu na sequência da avaliação do Estado da Nação, que acabou por servir também para falar da vida interna do partido. O tema impunha-se, porque a versão final das listas a candidatos a deputados aproxima-se a passos largos e quem criticou a estratégia de Rui Rio no passado ainda não sabe com o que conta. Ou seja, está tudo em stand-by para avaliar quem é excluído, ou não, das listas.
As reuniões com as distritais para definir os nomes nas listas por cada círculo eleitoral terminam no próximo dia 18, mas, de acordo com informações recolhidas pelo SOL, não são propriamente conclusivas. A direção do PSD toma nota das opções de cada distrito, ouve, dá alguns sinais do que pretende fazer, mas não encerra o processo. Mas Rio já deu várias pistas do que pretende fazer. «As pessoas quando estão na política têm de se reger por convicções, não pode ser simplesmente por táticas e oportunismo», avisou o presidente social-democrata dando a entender que irá comprar guerras com alguns que o criticaram, mas não todos. Há quem assegure ao SOL que figuras como Hugo Soares dificilmente ficarão nas listas, isto apesar de estar indicado pela distrital de Braga para integrar a equipa. Soares, recorde-se, apoiou Santana Lopes contra Rui Rio nas eleições internas do PSD, perdeu, e deixou a liderança da bancada parlamentar. É o nome mais próximo de Luís Montenegro, antigo presidente do grupo parlamentar social-democrata. Que se mantém na reserva à espera dos resultados das legislativas.
Na passada quarta-feira, Fernando Negrão, o atual líder parlamentar, balizou o critério nas escolhas de nomes:«Quem estiver completamente fora desta linha de estratégia do partido é óbvio que não tem condições para continuar nas listas». Ou seja, não haverá lugar para quem não se revê na estratégia de Rio.
Ontem, numa entrevista à Rádio Observador Fernando Negrão sublinhou que as regras de lealdade à direção do PSD, impostas por Rui Rio, para os candidatos a deputados, é transversal a outros partidos ou a outros líderes. Rui Rio «se calhar foi mais claro», defendeu Negrão.
O PSD perdeu um vice-presidente – Manuel Castro Almeida- , mas o líder parlamentar social-democrata não quis valorizar a polémica. Ainda assim, considerou que « nunca é bom uma saída» da equipa. Negrão assumiu que nunca se apercebeu de nada que justificasse uma demissão e recusou a ideia de que Rio é um líder centralizador, que ouve pouco ou toma decisões sozinho. Contudo concluiu que « houve um primeiro momento de adaptação [ na direção]. Eu próprio fui vítima dessa adaptação». O responsável parlamentar aludia aos momentos em que foi desautorizado pelo presidente do PSD em votações parlamentares no início do seu mandato, algo que deixou a bancada à beira de um ataque de nervos.
Na comissão política nacional, o vice-presidente do partido Morais Sarmento não vai a várias reuniões, mas Negrão também refutou a ideia de afastamento. São razões profissionais. De realçar que Castro Almeida era amigo de longa de Rio e bateu com a porta há três semanas. Para o lugar de Castro Almeida entrará José Manuel Bolieiro, dirigente açoriano.
Sobre as listas, o líder parlamentar do PSD confirmou que não será cabeça-de-lista, e o próximo mandato deve ser o último da sua carreira no Parlamento e nem deu certezas se o cumpre até ao fim, deixando tudo em aberto.
A nível nacional já estão definidos mais três cabeças-de-lista: Fernando Ruas (Viseu), Adão Silva (Bragança) e Carlos Peixoto (Guarda). As listas serão fechadas até dia 25.