Pedro Pardal Henriques, vice-presidente do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), garantiu este sábado que o organismo tudo fez para evitar a greve, que ameaça o abastecimento de combustíveis e de outras mercadorias e que terá início a dia 12, com data de conclusão indeterminada. Segundo o dirigente sindical, são outras entidades as responsáveis pela mesma.
"Existem várias propostas que nós queremos apresentar ao senhor ministro das Infraestruturas [Pedro Nuno Santos] e à ANTRAM [Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias] na reunião de segunda-feira", revelou à Agência Lusa, aludindo, por exemplo, à negociação de um contrato coletivo de trabalho visando o aumento do salário base dos motoristas para mil euros até 2025, com indexação ao crescimento do salário mínimo nacional, o que permite “um prazo mais dilatado, quer para que as empresas possam cumprir com aquilo que ficar estabelecido no CCT, quer para que haja a paz social que o país necessita”.
"A questão é que a ANTRAM não se quer sentar com os sindicatos, não quer ouvir propostas e quer colocar o país neste estado de alerta. Nós sempre quisemos evitar a greve. O problema é que quando as pessoas não negoceiam connosco, nem sem greve nem com pré-aviso nem durante a greve, é difícil evitar-se este confronto", salientou Pedro Pardal Henriques, considerando "lamentável" a posição sobre a greve dos motoristas manifestada na sexta-feira, em Loulé, pelo primeiro-ministro, António Costa, após a reunião semanal com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa: "É lamentável que o senhor primeiro-ministro venha dizer aos portugueses que o que importa aqui não são os trabalhadores, mas sim as férias e o poder económico. O primeiro-ministro veio mostrar que o poder político está aliado ao poder económico em Portugal e que é isso o mais importante”.
António Costa, recorde-se, afirmou que "há um claro sentimento nacional de revolta e incompreensão perante uma greve que é marcada para o meio de agosto de 2019, quando já estão acordados aumentos salariais de 250 euros para janeiro 2020, e o que está em causa são os aumentos salariais para 2021 e 2022".
Entretanto, a ANTRAM pronunciou-se já sobre o tema, dizendo que a reunião de segunda-feira "não existe" e que é "uma farsa do sindicato com o objetivo de ludibriar os portugueses sobre uma alegada disponibilidade para negociar". "A ANTRAM não foi convocada, não recebeu nenhum aviso de nenhuma convocatória de nenhuma reunião, nem pelo SNMMP, nem pelo ministério", disse à Agência Lusa o advogado e porta-voz da associação André Matias de Almeida.
O causídico garantiu que a ANTRAM "está sempre disponível para negociar, desde que não seja sob chantagem e sob pressão e isso implica o levantamento do pré-aviso de greve”. "Não só esta nova proposta do sindicato de matérias perigosas é uma farsa, na justa medida em que não implica nenhuma redução, pelo contrário, implica um aumento de 150 euros face à proposta inicial, como por outro lado não levanta o pré-aviso de greve sabendo que isso é uma chantagem total à negociação. Isto não é nenhuma forma de chegar a um entendimento, isto é tão somente e exclusivamente uma tentativa de lavar a cara perante a comunicação social e perante a opinião pública portuguesa", acusou André Matias de Almeida.