GNR acusa primeiro-ministro de desrespeitar “a dignidade profissional daqueles que servem a Guarda”

“Quer agrade ou não ao representante do Governo, são as associações e sindicatos que representam os profissionais das forças de segurança” pode ler-se no comunicado

"A APG/GNR já se posicionou oportunamente sobre a utilização de profissionais da GNR na condução de veículos pesados de transporte de matérias perigosas durante a greve convocada" começou por esclarecer a direção nacional da força de segurança anteriormente referida num comunicado enviado, esta segunda-feira, às redações. Recorde-se que, na semana passada, foi anunciado que polícias e militares receberam dois dias de formação para ficarem habilitados a conduzir camiões de transporte de matérias perigosas sob determinadas condições, explorando questões como o "balanço do combustível na cisterna das curvas" ou os cuidados a ter nas manobras. O objetivo era permitir que o Governo recorresse a estes operacionais caso a greve assim o causasse.

No entanto, neste primeiro dia de paralisação, os sindicatos avançaram que a mesma está a decorrer de forma "negativa" e a GNR não se conforma com os "horários desumanos" que os seus profissionais cumprirão durante este período nem com a execução de "funções completamente estranhas à sua missão de segurança pública", considerando "lamentável" que o primeiro-ministro António Costa desrespeite "a dignidade profissional daqueles que servem a Guarda". Deste modo, a Associação dos Profissionais da Guarda (APG) acredita que Costa agiu como se "as estruturas representativas" da PSP e da GNR não existissem: "quer agrade ou não ao representante do Governo, são as associações e sindicatos que representam os profissionais das forças de segurança e esta postura presumida contraria elementares princípios da democracia" pode ler-se no texto.

A APG explicitou ainda que a atitude de Costa "insulta o direito à organização colectiva dos profissionais da GNR e os seus representantes, sendo igualmente criticável a posição do Comando da Guarda, que mesmo tendo consciência das insuficiências objectivas ao nível da formação e equipamento disponível afirma que existem todas as condições para dar resposta a esta situação" e que os operacionais sofrerão com uma maior carga horária e situações de risco na medida em que estes não detêm a carta ADR destinada a condutores de matérias perigosas.

No comunicado, a APG adianta que "não seria expectável postura diferente" da parte do tenente-general Luís Francisco Botelho Miguel pois este cargo é de "nomeação política" e o Governo "terá indagado junto de quem, à partida, iria concordar consigo". 

Recorde-se que a greve dos motoristas de matérias perigosas e mercadorias teve início esta segunda-feira e o país encontrar-se-á em situação de crise energética até 21 de agosto.