"A Associação dos Profissionais da Guarda – APG/GNR teve conhecimento que na sequência da necessidade de abastecimento à Rede de Emergência de Postos de Abastecimento (REPA) durante o período de crise energética, há profissionais que estão a trabalhar 27 horas ininterruptas, 8 das quais adstritos ao transporte de matérias perigosas" começou por escrever a APG num comunicado enviado, esta terça-feira à tarde, às redações.
Recorde-se que os operacionais da força de segurança anteriormente referida bem como os da PSP receberam dois dias de formação para ficarem habilitados a conduzir camiões de transporte de matérias perigosas sob determinadas condições, explorando questões como o "balanço do combustível na cisterna das curvas" ou os cuidados a ter nas manobras. O objetivo era permitir que o Governo recorresse a estes operacionais caso a greve assim o causasse e, após o decreto da medida de requisição civil, os mesmos tiveram de assumir as funções dos motoristas de matérias perigosas e de mercadorias.
No mesmo texto, a APG explicou que a necessidade de acompanhamento ao abastecimento da REPA "tem alongado os horários de patrulha" e que a associação "não pode deixar de denunciar a forma irresponsável como o Governo está a gerir toda esta situação, já que está a colocar em risco os profissionais da GNR bem como todos os envolvidos no processo", salientando igualmente que "nenhum ser humano conseguirá manter níveis mínimos de concentração e operacionalidade durante 27 horas ininterruptas, motivo pelo qual a APG/GNR considera essa situação aberrante, perigosa e irresponsável".
Sublinhe-se que, no primeiro dia de greve, a GNR já havia manifestado o seu descontentamento perante a situação, adiantando que os militares estavam a desempenhar "funções completamente estranhas à sua missão de segurança pública". Agora, a APG admite repudiar "a requisição dos profissionais da GNR para a condução de matérias perigosas" sendo que acusam o primeiro-ministro António Costa de ter "ignorado as estruturas representativas dos profissionais da GNR e da PSP".
No final do comunicado, a APG apelou ao Governo que tome "medidas urgentes e imediatas" para que não exista um "incidente com consequências trágicas" que confirme as suas preocupações, avançando que se devem encontrar soluções que não tenham que ver com a requisição dos profissionais da GNR para o transporte de matérias perigosas.