Marisa Matias, deputada europeia do Bloco de Esquerda (BE), reagiu com desagrado às declarações proferidas pelo Primeiro-Ministro e secretário-geral do PS, António Costa, em entrevista ao jornal "Expresso". Através da sua conta de Twitter, a eurodeputada acusou o governante de mudar de opinião conforme as necessidades do Partido Socialista.
"Nestes quatro anos, enquanto precisou de parceiros para ser Governo, António Costa nunca fez caricaturas de mau gosto. Agora parece que vale tudo para tentar maiorias absolutas”, escreveu Marisa Matias, numa publicação compartilhada posteriormente por Catarina Martins, a coordenadora do BE.
Nestes 4 anos, enquanto precisou de parceiros para ser governo, @antoniocostaPM nunca fez caricaturas de mau gosto. Agora parece que vale tudo para tentar maiorias absolutas. https://t.co/RYJl4CpupT
— Marisa Matias (@mmatias_) 24 de agosto de 2019
Na referida entrevista ao "Expresso", António Costa havia lançado algumas farpas tanto ao BE como ao PCP, deixando clara a ideia de que uma maioria absoluta do PS seria a solução ideal para o país. "Não quero ser injusto, mas são partidos de natureza muito diferente. O PCP tem uma maturidade institucional muito grande. Já fez parte dos governos provisórios, já governou grandes câmaras, tem uma forte presença no mundo autárquico e sindical, não vive na angústia de ter de ser notícia todos os dias ao meio-dia… Isto permite uma estabilidade na sua ação política que lhe dá coerência, sustentabilidade, previsibilidade, e, portanto, é muito fácil trabalhar com ele. Já o Bloco vive na angústia de ter de ser notícia. Há um amigo meu que compara o PCP ao Bloco de uma forma muito engraçada: é que o PCP é um verdadeiro partido de massas, o Bloco é um partido de mass media. E isto torna os estilos de atuação diferentes. Não me compete a mim dizer qual é melhor ou pior, não voto nem num nem no outro", atirou, completando a ideia: "Um cenário à espanhola, com um PS fraco e o nosso Podemos forte [em alusão ao Bloco de Esquerda], seguramente inviabilizaria a estabilidade política. O que ficou claro nesta legislatura é que o PS é o grande fator de estabilidade; sem um PS forte não há a devida estabilidade. Não dizemos como Catarina Martins que esta legislatura foi uma batalha da esquerda contra o PS, porque é uma descrição que manifestamente descola da realidade, nem temos de ter as angústias de Jerónimo de Sousa a dizer todos os dias: ‘este não é o nosso Governo nem apoiamos este Governo'. Eu posso dizer o contrário: temos muita honra e orgulho no que fizemos, por devolver confiança aos portugueses".