Líder do PSD admite coligação à direita desde que seja liderada por si

Rui Rio salientou também que a possível aliança “nunca” será uma ‘geringonça’ pois “pressupõe uma coisa mal-amanhada”.

Rui Rio garantiu, ontem, que o PSD está disponível para fazer uma coligação, a seguir às eleições legislativas, com o seu “parceiro natural quando precisa de um outro partido para fazer uma maioria parlamentar”, o CDS.

“Ninguém disse que não fazia isso [uma coligação com o CDS em 6 de outubro]”, começou por assumir Rui Rio, uma semana depois de Nuno Magalhães, líder da bancada do CDS, ter afirmado, numa entrevista ao Público, que o dirigente social-democrata “nunca se mostrou disponível para uma coligação”. 

Durante uma visita a Guimarães, o ex-presidente da Câmara do Porto também esclareceu que essa aliança teria de ser liderada pelo PSD: “A alternativa de liderança de um Governo em Portugal, àquele que existe neste momento, a alternativa de liderança, de primeiro-ministro, a única alternativa a António Costa sou eu”, sublinhou.

Rio acabou ainda por apontar  os termos nos quais está disposto a avançar com uma coligação. “Seguramente, à direita, se liderada por mim, nunca haverá uma geringonça montada à pressa e de qualquer maneira só para se conseguir o poder, terá uma uniformidade fundamental que com o CDS sempre existiu”, garantiu, acrescentando que a geringonça “pressupõe uma coisa mal-amanhada que vai ver se consegue funcionar mais ou menos”.  No mesmo dia, ainda em Braga, após uma curta visita ao Santuário do Bom Jesus, o dirigente reafirmou que nestas legislativas não procura só o apoio dos militantes mas sim de todos os portugueses.

 

Coligação “desejável”

Um dia antes de Rio admitir uma coligação à direita, já Assunção Cristas tinha apontado que a aliança entre o PSD e o CDS, depois das eleições, era “perfeitamente possível” e até “desejável”.

A dirigente centrista abordou a questão, esta terça-feira à noite, durante o programa “Tenho uma pergunta para si”, da TVI24, em que um espetador perguntou de que forma é que a presidente centrista olhava para uma coligação à direita com o PSD, CDS, Aliança, Iniciativa Liberal e o Chega.

 “Sempre disse que, para termos 116 deputados de maioria, faria sentido, depois das eleições, ter uma coligação com aqueles que elegerem. Devo dizer que desses todos, parece-me que há um que está a mais, que é o Basta, mas com os outros todos acho que é perfeitamente possível conversarmos, e desejável”, respondeu Cristas, que quando falou do Basta, referia-se ao partido Chega, que encabeçou a coligação Basta, nas eleições europeias. André Ventura, líder do partido ‘excluído’ na solução da dirigente centrista, já reagiu às declarações, apontando que, tendo em conta as sondagens, “o Chega é que vai excluir o CDS de qualquer coligação a 6 de outubro” (ver artigo ao lado).

 

Santana já quis conversar

Santana Lopes, líder do Aliança e ex-presidente do PSD, defendeu que os partidos deviam conversar sobre a possibilidade de uma coligação pré-eleitoral. “A Aliança não tem receio de disputar sozinha as eleições legislativas, mas sem uma coligação pré-eleitoral é muito difícil vencer a frente de esquerda. Essa é a reflexão que devemos fazer”, disse, em entrevista ao semanário SOL, em fevereiro, o fundador da Aliança. Mais recentemente voltou à carga e convidou os partidos de centro-direita para se sentarem à mesa.

Rui Rio e Assunção Cristas rejeitaram essa hipótese e nem sequer abriram a porta a conversações. “Não faz sentido algum Santana Lopes sair do PSD e depois querer fazer uma coligação”, disse o líder dos sociais-democratas. Assunção Cristas também defendeu que “não faz nenhum sentido” uma aliança antes das eleições.