A escassos dias do período oficial de campanha para as eleições legislativas de 6 de outubro realiza-se um debate no Porto, no dia 19, que junta o presidente da Aliança, Pedro Santana Lopes, o antigo líder do CDS, Manuel Monteiro, o presidente da JP, Francisco Rodrigues dos Santos, e o historiador Jaime Nogueira Pinto. O tema é sugestivo e pode até ser polémico: “Direita Portuguesa. Em coma até quando?”
É sobre o estado da direita que se juntam várias personalidades numa altura em que a tendência das sondagens não dá resultados animadores a quem é de direita. Um dos mentores da iniciativa reconhece ao i que o tema foi escolhido antes do período oficial de campanha, prevendo-se que o resultado das eleições “vai ser catastrófico”. É assim que Miguel Leão descreve a forma como encara estas eleições quem pertence a este espetro da política partidária em Portugal.
A iniciativa é do grupo informal Domínio Público, organizada por Miguel Leão e Rosa Carvalho. Em junho, este grupo organizou um primeiro debate sobre saúde, designadamente sobre o Serviço Nacional de Saúde e a gestão do setor, que juntou figuras como Correia de Campos ou Daniel Bessa. Segue-se agora uma discussão mais ideológica sobre a direita, mas Miguel Leão acrescentou ao i que “não houve a preocupação de escolher a personalidade A ou B”, mas sim quem se assume “claramente de direita” ou de centro-direita.
Assim, na lista de oradores não estará ninguém do PSD porque Rui Rio “reafirmou várias vezes que o PSD não é um partido de direita”, lembrou Miguel Leão. “Não está nem tinha de estar”, conclui.
A discussão terá como um dos moderadores José Paulo Carvalho, que chegou a ser deputado do CDS. O antigo parlamentar, recorde-se, desfiliou-se do CDS em 2008 por discordar da estratégia do então líder centrista, Paulo Portas. “O dr. Paulo Portas fez uma aposta que em linguagem de totobola é uma tripla. Aposta em tudo”, declarou, na altura , o então deputado, desiludido com a hipótese de o CDS poder vir a cooperar com os socialistas. Três anos depois, o país teve eleições antecipadas, um programa de ajuda externa e o CDS coligou-se com o PSD após as legislativas de 2011.
De realçar ainda que tanto Manuel Monteiro como Santana Lopes se desfiliaram dos partidos de que já foram líderes. Monteiro desfiliou-se há mais de uma década do CDS e Santana Lopes saiu do PSD no verão de 2018. Ambos criaram novas forças políticas. No caso de Manuel Monteiro, o Partido Nova Democracia acabou por não vingar. Já Santana Lopes tenta a sua sorte com a Aliança num segundo ato eleitoral, depois da estreia nas eleições europeias sem conseguir eleger um mandato. Outro dos convidados do debate é Francisco Rodrigues dos Santos, líder da Juventude Popular, e candidato a deputado, a quem são apontadas ambições futuras de vir a liderar o partido dos democratas cristãos.