António Costa e Assunção Cristas estiveram hoje frente a frente, num debate, na TVI24. A presidente do CDS e o líder do PS discordaram em vários pontos, no entanto num estiveram 100% a favor: existe um "grande fosse" entre o partido socialista e o CDS. Assunção Cristas sublinhou até que nunca aceitaria uma cooperação política com o PS.
"Há um fosso sobre a forma como vemos a sociedade e como julgamos qual é o papel de cada um na sociedade", começa por dizer o líder do PS, antes de confrontar Cristas com alguns dos pontos mais polémicos do partido, como a questão da possibilidade de pagar para entrar na Universidade, no caso de não ter nota suficiente, a habitação e a tributação sobre as famílias.
"O CDS propõe por exemplo, que quem não tem nota suficiente para entrar na universidade para caber nos números clausus pode entrar na universidade pagando, como se o dinheiro pagasse tudo. Sobre a habitação, o CDS diz que no centro das políticas de habitação deve estar não o direito à habitação, mas a defesa do direito de propriedade. (…) Uma criança de uma família rica vale mais e deduz mais e uma criança de uma família pobre vale menos e deduz menos", rematou António Costa.
O secretário-geral do PS acusou a presidente do CDS de ter criado a lei de habitação que menos promoveu o direito à habitação e mais promoveu os despejos, um ataque ao qual Assunção Cristas não resistiu e sublinhou que Costa “não tem noção do número de despejos” rematando que os atualmente o número é de 1,3.“Sabe qual é a razão dos despejos? Noventa por cento é por falta de pagamento de rendas” declarou a líder do CDS. “Orgulho-me de ter feito uma lei equilibrada, que protegeu os idosos, que protegeu as pessoas com deficiência e que permitiu renovar as cidades de Lisboa e do Porto”, garantiu Cristas.
Quando se começou a discutir os impostos pagos pelos portugueses, tanto Costa como Cristas pareciam ter argumentos sem fim. O secretário-geral do PS falou sobre a perspetiva do partido para a nova legislatura e garante mexer nas escalas do IRS da classe média.
"Nesta legislatura fizemos sobretudo para os rendimentos mais baixos. Vamos agora fazer centrados na classe média. Toda a gente diminuiu o enorme aumento de impostos, com a eliminação da sobretaxa, que todos nós pagávamos e já não pagamos. E vamos ter uma dedução fiscal que é progressiva, em função do número de filhos que cada agregado familiar tem", prometeu o primeiro-ministro.
Já Cristas acusou o PS de ter criado uma "carga fiscal nunca vista em Portugal" e acusa Costa e o ministro das Finanças, Mário Centeno, de terem deixado os portugueses "asfixiados como nunca"
"O PS prometeu virar a página da austeridade e criou uma carga fiscal nunca vista em Portugal e estamos asfixiados como nunca estivemos, as famílias e as empresas, por uma forma habilidosa construída pelo ministro das Finanças Mário Centeno, que é dar a aparência de que devolve algum rendimento (e devolve através do IRS), mas depois retira-o através dos impostos indiretos" declarou.
Costa não se deixou ficar e disse que caso fosse o CDS a governar o país a carga fiscal seria muito maior, mencionado o Pacto de Estabilidade apresentado pelo CDS em 2015-2019, onde "previam uma carga fiscal de 36,3%, ou seja um ponto percentual daquela que temos atualmente. Se olharmos para a receita do IVA, subiu. (…) Subiu porque felizmente as pessoas hoje têm melhor rendimento, há mais consumo e consequentemente a receita do IVA sobe", rematou o atual primeiro-ministro.
Cristas não concorda com a dedução do secretário-geral do PS, defende que os números são outros e falou ainda dos impostos dos combustíveis, durante a legislatura de Costa, que apelida de "um saque fiscal às famílias portuguesas". "Em 2015, a carga fiscal foi 34,4% e, com este Governo, atingiu os 35,4%. A maior carga fiscal de sempre. Porque António Costa esqueceu-se de falar, por exemplo, do ISP. Esqueceu-se de dizer que, hoje, se alguém for pôr gasóleo ou Gasolina, está a pagar, provavelmente, mais 18 ou 20 euros se estiver a pôr gasóleo e estará a pagar mais 11 euros se estiver a pôr gasolina", acusou a líder do CDS.
O secretário-geral do PS acusou Cristas de querer "reduzir os impostos sobre os combustíveis fósseis, quando todos sabemos que temos de reduzir o consumo de combustíveis fósseis, se queremos combater as alterações climáticas".
"A nossa opção é diminuir a tributação sobre o trabalho e dar incentivos fiscais às empresas para que se modernizem, invistam no interior e que melhorem os capitais próprios", disse.