Desde os anos 50 que é tradição o presidente do Brasil abrir a sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, que acontece anualmente em Nova Iorque. Este ano não foi exceção e Jair Bolsonaro teve o discurso de abertura à sua responsabilidade, onde começou por agradecer “a deus por estar vivo” e não se demorou a referir ao seu país como um “Brasil novo que renasceu do socialismo”.
O combate ao socialismo foi uma das matérias abordadas por Bolsonaro, que deixou bem claro que o combate ao socialismo é uma luta do governo brasileiro. “O meu país estava à beira do socialismo que nos levou à corrupção e a uma recessão económica e a níveis de criminalidade elevados”, começou por dizer, referindo-se ao governo de Dilma Roussef.
O Partido dos Trabalhadores (PT) foi atacado pelo presidente brasileiro, tendo o mesmo acusado o partido de Dilma de ter colocado “sob ataques ininterruptos a valores familiares e religiosos expostos à corrupção”. Bolsonaro rematou ainda que o socialismo deu certo “em países como a Venezuela: toda a gente é pobre, não há liberdade". "Fizemos o que pudemos para ajudá-los”, disse.
Bolsonaro admitiu, em plena sede da ONU, que se sentiu-se “instigado” pelos “ataques sensacionalistas” de que diz ter sido alvo após os incêndios na Amazónia. “Somos um dos países que mais protege o meio ambiente”, fez questão de frisar. O chefe de Estado brasileiro acusou aqueles que atacaram o seu governo de estarem apenas interessados nas riquezas das reservas naturais e não preocupados com os “indígenas como seres humanos”, nomeadamente “um líder estrangeiro que insultou o Brasil”, refererindo-se a Emmanuel Macron.
A interferência do G7 na questão ambiental da Amazónia, provocada pelos incêndios, foi altamente criticada por Bolsonaro, que fez questão de frisar que a Amazónia “não é património da humanidade”. Na opinião de Bolsonaro, é necessário “um novo modelo indígena”, já que os índios brasileiros “são usados como peças de manobra por interesses estrangeiros”. Bolsonaro dá o exemplo da reserva Raposa do sol, “onde existem diamantes, nióbio e outras riquezas” numa zona com o tamanho equivalente a Portugal. “Esses interesses não estão preocupados com o ser humano índio mas com a biodiversidade e a riqueza”, declarou.