Jerónimo de Sousa escolheu um jantar em Serpa, na quinta-feira, para voltar a insistir na ideia de que uma maioria absoluta do PS seria prejudicial para o país. O secretário-geral do PCP defendeu que a maioria absoluta transformaria o parlamento «num cartório notarial que carimbaria as decisões desse Governo maioritário».
Desde o início da campanha que Jerónimo alerta para o risco de deixar o PS «ficar de mãos livres». O PCP recusa, porém, assumir uma posição definitiva sobre o futuro da geringonça. Numa entrevista à RTP, esta semana, Jerónimo reafirmou que esta solução «não é repetível» e fez depender a posição dos comunistas na próxima legislatura do resultado das eleições. As críticas ao PS estiveram presentes quase em todos os comícios. Num almoço, na Vidigueira, o líder comunista disse que ouviu um socialista desabafar que «eles ultimamente não se andam a portar bem». Em Moura, o líder comunista voltou a criticar o PS por causa das leis laborais. «Não pode ser de esquerda quem se coloca do lado do patronato».
Nas várias ações de campanha, Jerónimo de Sousa vai lembrando algumas das principais bandeiras do PCP como «o aumento do salário mínimo nacional para os 850 euros», o «aumento real e geral das pensões de reforma» e «creches gratuitas para todas as crianças até aos três anos».
«Não temos duas caras como o CDS»
O caso de Tancos também não passou ao lado da campanha do PCP. Numa conferência de imprensa improvisada, Jerónimo de Sousa defendeu que «ninguém pode esconder a gravidade do que está em causa». As críticas mais duras do secretário-geral do PCP foram, porém, dirigidas ao CDS. Para o secretário-geral do PCP, a comissão de inquérito só deveria ter sido criada após a conclusão da investigação. «Ninguém nos acompanhou nesta posição, incluindo o CDS. Não temos duas caras como o CDS», afirmou.
O dirigente sublinhou que, «seja qual for o governo» que se desenhe depois das legislativas, a «justiça tem de ter condições para trabalhar e apurar todas as responsabilidades». Sem nunca referir António Costa, o líder exigiu ainda que «havendo condenação» tem de ser apurado se o «ex-ministro prestou ou não falsas declarações perante a Comissão de Inquérito». Sobre a proposta para convocar a Comissão Permanente, os comunistas acusaram o PSD de estar a instrumentalizar Tancos, mas esclareceram que não se vão opor «se se reunir consenso para convocar a comissão».