A campanha eleitoral tem sido marcada por um caso: o de Tancos. E hoje o processo pode ganhar maior dimensão com a conferência de líderes, marcada a pedido do PSD. A expectativa à direita é a de que a comissão permanente possa reunir entre amanhã e sexta-feira para debater o caso de Tancos. O PS apareceu isolado a manifestar-se contra a sua realização, mas este dossiê pode ser tudo menos pacífico.
As decisões das conferências de líderes são obtidas por consenso e tanto o Bloco de Esquerda como o PCP não têm sido defensores de que o assunto domine a campanha. Ainda assim, até ver, não terão nada a opor a que se realize uma comissão permanente, o órgão que substitui as sessões plenárias.
O CDS assumiu-se como o partido que mais tem puxado pelo assunto nas últimas 48 horas. Assunção Cristas, a presidente democrata-cristã, colocou maior pressão na conferência de líderes que hoje se realiza. Os centristas querem enviar as declarações do primeiro-ministro e do antigo ministro da Defesa, proferidas no Parlamento, para o Ministério Público. Isto caso a Assembleia não o tenha feito. E que declarações são essas? São os discursos, as respostas e as intervenções de Costa e de Azeredo Lopes, o ex-ministro acusado no processo de Tancos, antes da comissão de inquérito que avaliou o roubo de material de guerra. Na prática, os centristas querem que se cumpra uma formalidade, a do envio de informação ao Ministério Público. Porém, a formalidade não deixa de ter leituras políticas.
O caso de Tancos deixou um lastro de desgaste no PS e levou o histórico militante socialista Manuel Alegre a acusar Rio de ser um “justiceiro eleitoralista”. Alegre lembrou em Coimbra, na segunda-feira à noite, que Rio se manifestou contra a justiça de “tabacaria” no início da campanha. E, depois, com o caso de Tancos, mudou completamente de atitude.
Rio não lhe quer dar resposta: “Se eu agora for comentar tudo aquilo que, quer António Costa, quer as pessoas do PS, vão dizendo sobre a campanha e sobre mim chegamos a sexta-feira no topo do disparate”, disse o líder do PSD, citado pela Lusa. No PSD, a ordem agora é a de que o debate sobre Tancos seja feito no Parlamento.