Elisa Ferreira revelou que irá abster-se de participar em decisões que envolvam “direta ou indiretamente” o marido. A ideia é prevenir qualquer “perceção de um conflito de interesses”. Questionada pela eurodeputada austríaca Simone Schmiedtbauer (Partido Popular Europeu) sobre a possível existência de um conflito de interesses entre a pasta que irá tutelar – da Coesão e Reformas – e o cargo do marido, Fernando Freire de Sousa, que é presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Norte, entidade responsável pela aplicação de fundos comunitários, a comissária designada começou por agradecer a oportunidade de, diante do Parlamento Europeu, poder esclarecer a questão. “Escrevi à presidente eleita dizendo que, se em algum momento houver algum risco – e vou ler o que escrevi –, estou preparada para tomar todas as medidas necessárias para prevenir qualquer perceção de conflito de interesses. Concretamente, isto significa que me absterei de qualquer participação em decisões relativas à implementação de fundos que são da minha responsabilidade e que possam diretamente ou indiretamente ter impacto nos interesses pessoais do meu marido enquanto presidente dessa instituição”, revelou a comissária indigitada por Portugal.
“Estou convencida de que isto nunca irá acontecer. O meu marido nunca conheceu ou negociou com o anterior comissário [a romena Corina Cretu] e o anterior comissário nunca teve qualquer coisa a decidir sobre ele. Contudo, queria esclarecer esta questão e enviei a carta à presidente eleita”, sublinhou.
Prioridades A comissária indigitada por Portugal garantiu ainda não “deixar ninguém para trás” e avançou com várias “tarefas fundamentais”, algumas delas “urgentes”, que a presidente eleita, Ursula von der Leyen, lhe confiou, nomeadamente a necessidade de “um acordo célere” com a assembleia europeia para que os programas das pastas que tutela possam estar a “funcionar em pleno” desde o primeiro dia.
Uma delas diz respeito a um novo Fundo para uma Transição Justa, para apoiar regiões onde a transição para uma economia baseada na neutralidade carbónica é mais desafiante. Outra tarefa diz respeito às reformas. “A União Monetária é desafiante, particularmente quando os países diferem em competitividade e enfrentam circunstâncias económicas e sociais diferentes. Atingir uma convergência sustentável e de longo prazo na competitividade é o nosso grande objetivo neste contexto”, afirmou, acrescentando que, nesse sentido, este é o momento de relançar a discussão sobre o Instrumento Orçamental para a Convergência e Competitividade da zona euro, comummente conhecido como orçamento da zona euro, assim como sobre o programa de apoio às reformas. “As reformas devem estar alinhadas com o Semestre Europeu, mas também devem ser propostas e endossadas pelo país em causa”, disse.