Apesar de todos os partidos terem feito promessas em nome do ambiente nestas legislativas, o PAN focou toda a campanha no combate às alterações climáticas, tendo apenas na reta final voltado a reativar a bandeira dos animais – matéria que na primeira semana de campanha esteve praticamente apagada, sobretudo quando se faz a comparação com 2015.
Num carro híbrido com panfletos de papel reciclado para distribuir, André Silva, até aqui o único deputado e dirigente do PAN, esteve de norte a sul do país a protestar contra a agricultura intensiva e a exploração de combustíveis fósseis e agitou a campanha com a defesa da eliminação dos apoios à produção de carne de vaca.
Na viagem pelo continente, o porta-voz do PAN apresentou também propostas para a transição de uma economia descarbonizada, propôs um «investimento sério nos transportes públicos coletivos» e defendeu a «deseucaliptização» do país.
No final do dia, o objetivo é claro: ser o voto verde de eleição no próximo domingo.
Nesta última semana, a pequena caravana do PAN contou ainda com a presença do eurodeputado Francisco Guerreiro, que aproveitou uma ação no canil da Associação dos Amigos dos Animais de Almada para reforçar: «Viemos a um canil na campanha», uma bandeira do PAN que André Silva garante «nunca» ter abandonado.
Contudo, André Silva recusou a ideia de que o partido – que elegeu pela primeira vez um deputado em 2015 – só esteja preparado para discutir assuntos relativos ao ambiente e aos animais: «Penso que fomos o partido que mais falou sobre propostas para combater a corrupção», analisou o porta-voz, depois da visita ao canil na quinta-feira.
Ataque a ‘Os Verdes’
Nos últimos cartuchos da campanha oficial, a competição pelo voto ambientalista tornou-se ainda mais clara com a troca de galhardetes entre o PAN, o PCP e Os Verdes.
Um dia depois de o deputado da CDU José Luís Ferreira ter caracterizado o PAN como um partido «populista», «proibicionista» e «fundamentalista», reafirmando que ‘Os Verdes’ são um partido ambientalista desde «o século passado», André Silva respondeu à letra: «No fundo, ‘Os Verdes’ são uma ficção política, são um projeto do seu patrão político, que é o PCP».
André Silva lembrou que o PEV «não votou a favor da lei que implementa a tara recuperável de garrafas de plástico» e que está «coligado com o PCP, que foi o único partido em Portugal que não ratificou o acordo de Paris» e que «apoia um regime chinês», onde «não há liberdade de imprensa», nem «religiosa» e onde «as pessoas são perseguidas, presas e assassinadas».
André Silva acabou por concluir que Os Verdes podiam ter sido um «projeto ecologista muito interessante», mas perderam a «oportunidade».
Eleger dois deputados já seria ‘uma vitória’
Apesar de as sondagens preverem uma grande subida do PAN, André Silva considerou, à margem de uma ação de campanha em Lisboa, na quinta-feira, que se o partido fundado em 2009 conseguisse eleger dois deputados no dia 6 já seria «uma vitória».
Resumindo, o porta-voz do PAN concluiu que o objetivo nestas eleições é «aumentar a representação parlamentar» com a esperança de poder constituir «um grupo parlamentar», comprovando assim «um crescimento e uma consolidação» do partido.
André Silva mostrou-se confiante e confessou ainda ter a expectativa de conseguir ultrapassar os dois deputados: «O que sentimos na rua é um apoio cada vez maior, um reconhecimento cada vez maior».
‘Nem pela direita, nem pela esquerda, pela verdade’
Sobre a possibilidade de o PAN ser o partido que viabilize um Governo socialista, no caso de António Costa não ter maioria absoluta, André Silva nunca quis tomar uma posição pública sobre o assunto. Contudo, durante a campanha, o porta-voz do partido chegou a dizer que queria fazer frente à ‘geringonça’. Mas também focou o seu discurso na promoção de um diálogo aberto entre todas as forças partidárias.
Por outro lado, André Silva não deixou de adiantar que esperava roubar votos tanto à direita como à esquerda.
O PAN, nas palavras do seu até aqui deputado único, diz-se, acima de tudo, um partido «pela verdade».