A empresária Isabel dos Santos garantiu que se endivida para investir e que não usa dinheiro público angolano para levar a cabo os seus negócios. Esta é a resposta da empresária angolana para responder às dúvidas sobre a origem dos seus investimentos. “Trabalho com bancos em Cabo Verde, com bancos em outros países africanos, bancos que nos apoiam, que acreditam nos projetos, que acreditam na validade dos projetos que nós propomos”, revelou numa entrevista à Lusa.
A empresária foi mais longe e garantiu que não só tem muitas dívidas por pagar, como as taxas de juros são elevadas e, por isso, defenfe que “nem sempre é fácil também ter essa sustentabilidade do negócio, para conseguir enfrentar toda a parte financeira dos negócios, mas também boas equipas e trabalhamos para isso”, afirmou a filha do ex-Presidente da República de Angola José Eduardo dos Santos.
Isabel dos Santos diz ainda que trabalha com mais de 15 bancos em todo o mundo e que não se preocupa com as dúvidas que habitualmente se colocam sobre os seus investimentos.
“Quando há rumores que falam de erário público, é falso. Felizmente nunca trabalhei com o erário público. Eu gosto de trabalhar com o mercado, com o setor privado, eu gosto de fazer um produto que as pessoas queiram comprar, mais queiram comprar porque ele é bom e tem um bom preço”, garantiu, apontando casos como o banco BIC ou a operadora de telecomunicações Unitel como exemplos de projetos privados que lançou com sucesso, disse na mesma entrevista.
Ana Gomes tece duras críticas A ex-eurodeputada já reagiu e acusou a empresária de se endividar para “lavar” dinheiro, acusando ao mesmo tempo o Banco de Portugal de não querer ver.
Na sua conta na rede social Twitter, Ana Gomes afirma que “Isabel dos Santos endivida-se muito porque, ao liquidar as dívidas, ‘lava’ que se farta”. A antiga eurodeputada acrescenta que “os bancos querem ser ressarcidos, não querem saber da origem do dinheiro” e “só em teoria é que cumprem” a diretiva europeia contra a lavagem de dinheiro. Além disso, o “Banco de Portugal não quer ver”.
Teixeira dos Santos, presidente do EuroBic, não perdoa e ameaça com uma ação por difamação. Ana Gomes ou “prova o que afirma ou será acusada em tribunal de difamação”, diz Teixeira dos Santos ao Expresso, descartando mais comentários sobre o assunto. “É só isso que tenho a dizer, mais nada”, refere Teixeira dos Santos, que fez questão de deixar claro que fala na qualidade do presidente do banco: “Não sou porta-voz de ninguém, falo na qualidade de presidente do EuroBic”.
Plano para crise em Angola Quanto à crise que Angola enfrenta, Isabel dos Santos não tem dúvidas: o país devia usar a experiência obtida por Portugal e pelos empresários portugueses na última crise económica. “Angola tem uma crise económica profunda, estamos a passar um momento que eu diria difícil do ponto de vista económico, para as empresas isto é duro. Esta relação com Portugal pode ser muito útil, primeiro porque podemos partilhar da experiência que Portugal teve ao sair da crise”, afirmou à Lusa.
E admite que, nesta atual situação, os empresários têm muita dificuldade em continuar a investir no mercado angolano. “Vi efetivamente que na altura da crise várias empresas foram inovadoras. Ou seja, não só apostaram na exportação, mas também em mudar os seus modelos de negócios. Obviamente houve setores que foram muitos afetados, aliás o setor da construção civil foi um desses durante a crise, mas hoje quem diria que há falta de boas empresas de construção em Portugal e trabalhadores, porque acho que está a haver um ‘boom’ imobiliário”, acrescentou.
Liderar mobilidade elétrica A empresária angolana afirmou também que quer transformar a portuguesa Efacec numa empresa “líder internacional” na área da mobilidade elétrica e que está atenta a novas oportunidades de negócio em Portugal nas novas tecnologias.
“O investimento na Efacec não foi um investimento fácil”, recordou a empresária angolana, que desde 2015 é acionista maioritária da Efacec.
O objetivo é fazer da Efacec “um ‘player’ e um líder internacional” na área da mobilidade elétrica. Neste momento, o negócio da mobilidade elétrica representa 6% no total da faturação da Efacec, sendo que o grupo pretende que atinja os 15%, ou seja, perto de 100 milhões de euros.
Até fevereiro, a Efacec conseguiu triplicar a produção de carregadores rápidos e ultrarrápidos de baterias elétricas e lançou, entre os novos projetos, soluções de carregamento com armazenamento incluído para as áreas residencial e de frotas, estando ainda a trabalhar noutros produtos inovadores nesta área.