Foi o debate que mais animou as redes sociais nos últimos dias. Os protagonistas da história foram a deputada única do Livre, eleita por Lisboa, Joacine Katar Moreira, e Daniel Oliveira, comentador, antigo aderente do Bloco de Esquerda (do qual foi seu dirigente) e uma figura até próxima do Livre. A polémica em torno da agenda da deputada acabou por visar também o fundador do Livre, Rui Tavares, com interpelações nas redes sociais para que se pronunciasse. Mas o próprio colocou-se à margem da discussão. Contactado pelo i, respondeu de forma curta e pronta: “Não comento polémicas no Twitter. Não vale a pena. Se quisesse (…) comentava lá [no Twitter]”.
Perante a insistência do i, arrumou o assunto: “Vamos focar-nos em coisas importantes”.
A troca de críticas começou num artigo de opinião de Daniel Oliveira no Expresso em que critica o registo demasiado pessoal do Livre no Parlamento com uma “conversão súbita” à agenda identitária que apanhou o partido “impreparado”. O antigo dirigente do BE e jornalista perguntou mesmo “onde está o partido de Rui Tavares?” A pergunta colocou-se porque Daniel Oliveira considerou que Joacine Katar Moreira “escolheu desviar as atenções da política” ao escrever um artigo sobre a gaguez, ao falar sobre si própria em várias declarações, ou mesmo a forma como o seu assessor – Rafael Esteves Martins – abordou a sua indumentária no primeiro dia de Parlamento. Na altura, escolheu uma saia, e acabou a comentá-la, após várias solicitações.
Ora, a deputada, que tem ignorado algumas críticas na imprensa publicada, decidiu reagir e fê-lo com estrondo. “Daniel, a sua postura, embora mais polida e mascarada de bom senso, não tem sido muito diferente da de muitos associados à direita e sua extrema na procura de descredibilização constante do Livre e da minha escolha como cabeça- -de-lista. Deixei de ler o que escreve sobre o Livre”, declarou no Twitter.
Na réplica, Daniel Oliveira revelou que não gostou da reação ao aconselhar a deputada a desfocar-se de si mesma: “Portanto, compara-me mesmo à extrema-direita. Talvez desfocar-se um bocadinho de si mesma ajude a ganhar perspetiva, mesmo quando discorda das críticas. A política não se divide entre os que estão por si e contra si. Muito menos a fronteira com a direita e a extrema-direita”.