A guerra interna no PSD ainda mal começou mas o discurso já começa a subir de tom entre os adversários que concorrem à liderança do partido. O antigo líder parlamentar social-democrata, Luís Montenegro, decidiu responder ao atual presidente ‘laranja’ sobre a força eleitoral de cada um. Montenegro considerou, no Facebook que “quem não respeita nem aproveita a força dos militantes, dos deputados, dos dirigentes e dos autarcas está condenado a resultados medíocres”.
A farpa teve por base uma frase que Rui Rio usou quando foi eleito líder da bancada do PSD. O presidente social-democrata considerou que a sua força e peso eleitoral vinham de fora do partido. “Há quem diga que a força vem de dentro, mas a minha força vem de fora”, declarou Rui Rio, citado pela Lusa.
Ora, o slogan de campanha interna de Luís Montenegro é a “força que vem de dentro”, leia-se dos sociais-democratas. Para o antigo líder parlamentar Rio só vale entre 21 a 27 por cento, ou seja, as percentagens (arredondadas por baixo) das eleições europeias e das legislativas, respetivamente. E o ataque foi mais longe, com Montenegro a falar “desgraça”.
“Eu acredito na força que os portugueses têm dentro de si e que o nosso País tem como um todo. A força que os portugueses deram a Rui Rio foi 21 e 27%. Uma das explicações desta desgraça é ele não perceber que só um PSD forte por dentro é confiável lá fora”, escreveu Luís Montenegro, enquanto decorria a primeira reunião da banca do PSD, com Rio consagrado também a líder do grupo parlamentar.
A este propósito, Montenegro também não deixou passar em branco a decisão de Rui Rio de ser líder da bancada, deixando-lhe mais uma farpa: “o Dr. Rui Rio assumiu, transitoriamente, liderar a bancada parlamentar até à realização das eleições diretas. Eu vou vencer as eleições internas e vou fazer aquilo que o presidente do PSD deve fazer sempre, que é esperar que os deputados elejam a sua direção parlamentar”. O reparo foi dado, aquando de um encontro com o presidente da CIP, António Saraiva, onde Montenegro se fez acompanhar pelas ex-deputadas Paula Teixeira da Cruz e Teresa Morais, mas também o deputado Pedro Alves, presidente da distrital do PSD/Viseu.
À saída da reunião, Luís Montenegro garantiu que ele e a sua equipa não têm “nenhum receio de trabalhar com os deputados que estão hoje na Assembleia da República independentemente de terem sido escolhidos pela liderança A, B ou C”.
Um debate starwars O candidato a líder do PSD Miguel Pinto Luz colocou-se à margem do debate sobre as forças internas e externas dos seus adversários. Também na rede social Facebook, Pinto Luz preferiu falar de unidade do partido. “Imagino que António Costa esteja a adorar assistir ao debate StarWars que se instalou no PSD. Vamos contribuir para unir e não dividir mais o PSD”. E prometeu estar determinado em unir o partido.
Por sua vez, Rui Rio disse esperar que a campanha interna decorra com respeito mútuo.
Na véspera de um conselho nacional – que marcará as eleições diretas e o congresso– Rio fez ainda votos de que “não haja as tais vigarices de que falam, que seja tudo claro e depois um ganha e dois perdem”.
O presidente do PSD deixou ainda claro que será difícil dedicar-se a tempo inteiro à campanha. “Tenho mais dificuldade em fazer [campanha] do que os outros, que estão mais livres, mas é da natureza das funções, não me posso queixar disso”, declarou, citado pela Lusa. Ainda assim prometeu que irá separar as águas. Porém, este poderá ser um tema a dominar os próximos meses de contenda, a começar no pagamento de quotas, gerido pela secretaria-geral, com apoiantes de Rui Rio. Por isso, um dos pontos a resolver, com a marcação de eleições diretas para 11 de janeiro, é a criação de uma comissão eleitoral ou comissão organizadora do congresso que inclua elementos tanto de Luís Montenegro, como de Miguel Pinto Luz e, claro, de Rui Rio.
O congresso deverá realizar-se em Viana do Castelo no mês de fevereir