Falta menos de um mês para as eleições diretas internas no PSD que servirão para eleger um novo líder e as três candidaturas – de Rui Rio, de Luís Montenegro e de Miguel Pinto Luz – já fazem contas à vida (no sentido literal) sobre gastos e orçamento. Este último tem que ser entregue até dia 30 de dezembro, tal como as propostas de estratégia global.
Os valores variam, conforme o candidato, o estilo de campanha e os meios empregues. E os números vão desde os 50 mil aos 100 mil euros, aproximadamente. Por exemplo, no caso do líder do PSD e recandidato, Rui Rio, o SOL apurou que se esperam gastos entre os 40 e os 50 mil euros. E a razão é simples: Rio está a percorrer os distritos todos do país, mas optou por fazer uma volta bem mais curta face à de há dois anos. Em 2018, Rio gastou na ordem dos 90 mil euros quando concorreu contra Santana Lopes. E ganhou.
Quanto a Luís Montenegro, que já percorreu milhares de quilómetros por todo o continente e ilhas, conta gastar «aproximadamente 100 mil euros», revelou ao SOL o diretor de campanha, Pedro Alves. O próprio candidato já assumiu que a campanha vai ser paga por ele e por amigos e colegas de partido e admitiu a hipótese de vir a abrir – se necessário – a possibilidade de donativos, conforme explicou esta semana, em entrevista ao Observador. Na altura, acrescentou também que é conhecido, desde os tempos da liderança da bancada do PSD, por ser «muito comedido» nos gastos. Mas tem-nos: deslocações, alugueres de salas e comunicações (onde se incluem site e redes sociais). A conta será paga por «uma dúzia, duas dúzias de amigos» do seu partido, acrescentou na mesma entrevista.
Quem não revela, para já, valores é a candidatura de Miguel Pinto Luz. O vice-presidente da Câmara de Cascais fez saber que quem o está a ajudar na parte financeira é o sogro – Damião Martins, ex-presidente da Administração do Porto de Lisboa–, Mauro Xavier, seu mandatário financeiro, e José Eduardo Martins, ex-dirigente do PSD e advogado de profissão. São estes três nomes que são responsáveis pela arquitetura do financiamento da campanha. O próprio candidato paga várias despesas do seu bolso e já houve donativos de outros militantes do PSD, segundo avançou a Sábado. Na lista de donativos não estará Miguel Relvas, antigo secretário-geral do PSD e ex-ministro e seu declarado apoiante.
As contas e os valores serão demonstrados junto da sede do PSD, que fará, depois, o registo do processo.
Entretanto, já há outra certeza: nenhum dos três candidatos terá iniciativas no Natal. Todos ficam sem agenda nos dias 24 e 25.
Rio tem campanha até dia 21, deve ter agenda entre os dias 26 e 30 de dezembro e depois só retoma a atividade de campanha no dia 4 de janeiro, segundo apurou o SOL. Já Luís Montenegro também fica sem agenda nos dias 24 e 25 (dia de Natal), mas tem prevista agenda (falta acertar datas e locais) entre os dias 26 e 30. O mesmo deverá fazer Pinto Luz.
Polémica com lista para o Conselho Superior do MP
Entretanto, surgiu polémica com os nomes propostos em lista conjunta do PS e do PSD para o Conselho Superior do Ministério Público que vai a votos no próximo dia 20 de dezembro no Parlamento. A lista é composta pelo advogado Manuel de Magalhães e Silva (recondução) e quatro novos elementos: Rui Silva Leal, José Manuel Mesquita, António Almeida e Costa e Brigite Tomás Gonçalves. Ora, o nome de Rui Silva Leal não passou despercebido aos olhos de alguns deputados do PSD.
Silva Leal tem um longo currículo, entre a advocacia, docência e funções na Ordem dos Advogados, além de ter sido um dos advogados de defesa de Pedro Dias, tal como Mónica Quintela, atual deputada do PSD (e apoiante de Rui Rio). Assim, este ponto foi registado por deputados do PSD que apontaram o risco de o partido perder a face por ter atacado o Governo nas ligações familiares na anterior legislatura. À SIC-Notícias, um deputado confidenciou que esta opção pode fragilizar o PSD. Outro parlamentar admitiu ao SOL que Rio deveria ter tido mais «cautela» na opção feita, até para evitar dar argumentos de ataque aos socialistas.
Entretanto, Rui Rio optou por tomar uma posição pública em versão escrita. « O Dr. Rui Silva Leal era já um profissional do direito com longo curriculum e amplo reconhecimento público muito antes de casar com a atual deputada independente, Mónica Quintela, eleita nas listas do PSD – pelo que seria absolutamente incorreto que lhe estivesse vedada a indicação para uma eleição parlamentar por força do seu casamento», defendeu o líder do PSD no referido documento, acrescentando que o advogado não tem filiação partidária. Mais: «Comparar este caso único (…) com a nomeação direta de familiares ‘em catadupa’ por parte de um Governo para lugares executivos com salário atribuído e pago por quem nomeia, só pode ser feito por manifesta má-fé, já que não há, entre eles, qualquer semelhança que se possa atribuir». E o presidente do PSD acrescenta que o nome de Rui Silva Leal será votado pelos deputados, não é nomeação, nem se trata de um cargo executivo. «Nem sequer tem qualquer vencimento atribuído», acrescentou Rui Rio.