Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou a audiência que concedeu aos representantes do Chega, em Belém, para falar sobre a corrida às presidenciais e ficou com a certeza de que André Ventura avançará mesmo com uma candidatura.
O SOL sabe que, durante a reunião, Marcelo lembrou ao líder do Chega o ‘conselho de um amigo’ para desistir da ideia, uma vez que esta lhe traria «mais desvantagens do que vantagens».
Isto porque, tal como entretanto veio a apontar pelo menos um estudo de opinião publicado na imprensa, André Ventura poderá ter um resultado próximo dos 10% nas presidenciais de janeiro de 2021, que dificilmente o Chega poderia depois repetir nas autárquicas seguintes, lá para outubro de 2021.
Ora, tal como Marcelo lembrou a Ventura nessa reunião, uma descida a pique do eleitorado do Chega poderia ser lida como «um erro estratégico», por criar a ideia de uma curva descendente irreversível para o novo partido.
O encontro em Belém ocorreu no dia 15 de dezembro passado, na sequência do pedido de audiência do Chega ao Presidente da República, na sequência do conflito parlamentar entre o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, e o deputado único do Chega, André Ventura, advertido por utilizar em excesso a palavra ‘vergonha’.
Marcelo, que recebeu com o seu chefe da Casa Civil a delegação do Chega (André Ventura esteve acompanhado por mais três dirigentes do partido), considerou que o presidente da Assembleia da República não foi feliz na forma como geriu o caso.
Entretanto, o conselho nacional do Chega, agendado inicialmete para dezembro, foi adiado para 11 de janeiro. Será nessa altura que o partido decidirá que candidato irá apoiar. «Vamos ouvir os conselhos nacionais sobre os nomes que estão em cima da mesa para serem apoiados e depois há de ser tomada uma decisão. Penso que o candidato do Chega deverá ser anunciado entre o final de janeiro e o início de fevereiro», explica André Ventura ao SOL.
Um apoio a Marcelo está fora de questão: «Isso implicaria a minha demissão. Respeitaria a decisão, porque os órgãos do partido são soberanos nesse aspeto, mas seria sinal de que não estaríamos em sintonia», acrescenta o líder do Chega, que gostaria de ver outra pessoa a assumir a Presidência da República («por exemplo, Carlos Alexandre»).