Luís Filipe Tavares, ministro dos Negócios Estrangeiros de Cabo Verde, disse ontem aos jornalistas compreender a “indignação das pessoas” pelas circunstâncias da morte de Luís Giovani dos Santos Rodrigues, em Bragança, mas apelou a que o caso seja acompanhado “sem paixões”, deixando a “Justiça fazer o seu trabalho normalmente”.
O ministro cabo-verdiano apontou ainda o “comportamento exemplar” das autoridades portuguesas no acompanhamento deste caso e agradeceu “todas as manifestações de carinho” recebidas pelo Governo, nomeadamente do primeiro-ministro, António Costa, e do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
Luís Filipe Tavares assumiu que nesta altura a prioridade é apoiar a família da vítima e ajudar no processo de trasladação do corpo para Cabo Verde e na disponibilização de apoio jurídico no processo judicial que se seguirá, mas apelidou a morte de Luís Giovani de “bárbara”. É esperado que o funeral se realize amanhã, na ilha do Fogo.
A morte deste jovem cabo-verdiano tem gerado grande polémica e dominado a opinião pública, inclusivamente com acusações de que se tratara de um crime de ódio racial. As autoridades mantêm, de momento, todos os cenários em aberto, mas a PJ, segundo o Público, aponta para um “motivo fútil”.
Para além disso, o caso já deu origem a marchas e vigílias de homenagem ao estudante cabo-verdiano, que morreu no passado dia 31 de dezembro. Lisboa, Porto e Coimbra são algumas das capitais de distrito onde estas marchas acontecerão este sábado, tal como em Bragança, onde se deu o crime.
Orlando Rodrigues, presidente do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), onde o jovem estudava e que se associou ao movimento, afirmou que pretende mostrar que esta é “uma região de paz e segurança”. Também o Bispo de Bragança, José Cordeiro, já se associou a esta marcha.
Recorde-se que Luís Giovani dos Santos Rodrigues morreu na madrugada do dia 31 de dezembro, depois de ter estado 10 dias internado no Hospital de Santo António, no Porto. O jovem cabo-verdiano foi espancado por um grupo no dia 20 de dezembro, na sequência de uma saída à noite – uma festa no bar Lagoa Azul, na Avenida Sá Carneiro. Estava com três amigos.
Na altura, o caso foi classificado pelas autoridades de Bragança como um episódio de álcool. Como o i já tinha avançado, a chamada que os bombeiros receberam através do Centro de Orientação de Doentes urgentes (CODU) dava conta de um jovem alcoolizado.
O caso ficou inicialmente a cargo da PSP, mas só na altura da sua morte é que foi passado para a Polícia Judiciária (PJ). De acordo com o JN, a PJ já interrogou cerca de duas dezenas suspeitos na morte de Luís Giovani, mas ainda não realizou qualquer detenção.