CDS à beira do abismo e o PSD a caminho…

Já se percebeu que, ganhe quem ganhar, o PSD vai levar algum tempo a endireitar-se, pois o atual cartão de visita não é o mais recomendável. Com a radicalização do discurso de Rui Rio e de Luís Montenegro o partido vai ficar partido ao meio e não se crê que faça grande oposição a António…

1. Quem veja de fora a guerra do PSD não deve ficar com muita vontade de querer saber alguma coisa de política. O espetáculo mesquinho que é dado, por ambas as partes, não dignifica o partido nem a política. Homens crescidos a acusarem-se mutuamente de arranjarem lugares em troca de votos revela o pior das lutas partidárias.

Já se percebeu que, ganhe quem ganhar, o PSD vai levar algum tempo a endireitar-se, pois o atual cartão de visita não é o mais recomendável. Com a radicalização do discurso de Rui Rio e de Luís Montenegro o partido vai ficar partido ao meio e não se crê que faça grande oposição a António Costa. Se Montenegro ganhar, então vai ser um forrobodó com os muchachos de Rio na Assembleia a tentarem fazer-lhe a vida negra.

Se for Rui Rio a ganhar, como a diferença entre um e outro não será muito grande, imagina-se que os adversários do atual líder não se vão calar com os disparates do antigo presidente da Câmara do Porto. Certo é que o PS pode continuar a governar tranquilamente e só um excesso de confiança poderá deitar tudo a perder.

 

2. Se o PSD não consegue ter paz, o que dizer do CDS, onde os candidatos estão engalfinhados uns com os outros? É essa imagem de seriedade que um partido, supostamente, conservador quer dar aos seus potenciais eleitores? Misturar Bolsonaro, Adriano Moreira e a sua filha Isabel Moreira não me parece uma atitude muito sensata. Resumindo: a direita está de pantanas e nem o facto de António Costa não ter conseguido a maioria absoluta ajuda o PSD e o CDS a terem uma direção para onde caminhar.

 

3. Quem também parece muito desorientado é o Livre. A festa rija que fez com a eleição da primeira mulher negra para o Parlamento deu lugar a uma depressão profunda, havendo quem queira que Joacine Katar Moreira abdique do seu lugar de deputada. Mas isso está tão próximo de acontecer como eu ter lugar numa hipotética excursão a Marte. Joacine jamais abdicará do seu lugar, pode é divorciar-se do partido que se diz Livre.

 

4. Frederico Varandas, já se percebeu, é uma espécie de elefante numa loja de porcelana, já que quase tudo o que diz ou faz tem o efeito dominó. Ficou muito mal na fotografia ao não ter adiado o jogo com o Vitória FC – quantas pessoas sabem que falamos do Vitória de Setúbal e não do Vitória SC, o de Guimarães? – por os jogadores do clube sadino estarem com gripe. Podia e devia ter dado uma chapada de luva branca numa hipotética manobra de diversão dos homens de Setúbal, mas Varandas quis comprar mais uma guerra, para não ficar com mais pontos de atraso na véspera do seu clube receber o Benfica.

 

Mas Varandas é um homem corajoso e já demonstrou que não vai ser fácil tirá-lo do cargo – e bem, já que foi eleito para um mandato completo e não para dois anos. Só que o presidente do Sporting tem de lutar contra tudo e contra todos. Tendo aberto guerra às escandalosas mordomias das claques, Varandas ficou nas mãos dessa rapaziada muito pouco recomendável. Senão vejamos: o Conselho de Disciplina em vez de se colocar ao lado do presidente do Sporting, coloca-se ao lado dos hooligans e castiga o clube leonino por os adeptos insultarem o presidente. Mas isto faz algum sentido? E a história das tochas e demais artefactos pirotécnicos? As autoridades policiais não conseguem impedir que os adeptos levem tais objetos e os clubes é que são penalizados? Tudo é muito estranho no futebol.

vitor.rainho@sol.pt