Apesar de não ter o discurso preparado, havendo apenas "alguns tópicos" em mente, Rui Rio não hesitou: "Vamos lá então. Faz hoje uma semana que comecei por deixar aqui sete mensagens – que é, aliás, o número com que o Ronaldo joga, sete. São sete mensagens que eu aqui vou deixar outra vez".
Na sede do PSD do Porto, começou por agradecer a todos os militantes do PSD "que se deslocaram hoje às urnas e que votaram" e que, na perspetiva do presidente reeleito, "engrandeceram" o partido "independentemente do resultado que viesse a acontecer".
Agradecendo a todas as estruturas de campanha espalhadas pelos "300 e tal concelhos", garantiu ainda que cada uma delas, particularmente "as que dão mais trabalho" tinha uma "quota de responsabilidade" na vitória deste sábado. Pelas horas de trabalhos e "pelas horas não dormidas", agradeceu, em especial, a José Silvano, Florbela Guedes, Salvador Malheiro e a Malo Abreu. Deixou ainda um agradecimento a quem votou em "por convicção".
Tal como Luís Montenegro, fez questão de agradecer a todos os portugueses com quem se cruzou na rua e que, não sendo militantes do PSD, o incentivaram a avançar. A todos aqueles que prometeram "entrar para o PSD", caso ganhasse as eleições neste segunda volta, Rio abriu a porta. "Podem entrar", convidou.
Agradeceu a Miguel Pinto Luz, que ficou pela primeira volta, e a Luís Montenegro, com quem partilhou esta segunda volta inédita e de quem confirmou ter recebido um telefonema, ainda antes do antigo líder parlamentar ter assumido a derrota.
Rio não deixou de "mandar um abraço" para os Açores, "onde deveria estar neste momento", caso esta segunda volta não se tivesse acontecido. "Nós vamos ter eleições regionais em outubro. O PS tem, nos Açores, há 24 anos, um poder tentacular. Eu penso que nós estamos em condições de disputar essas eleições, taco a taco, com o partido socialista e tentar uma mudança nos Açores". Confessando já ter falado com José Manuel Bolieiro, deixou a promessa de uma futura visita aos Açores, onde quer "arrancar esse caminho para as eleições regionais".
"A sérima mensagem que eu queria aqui deixar é para o fundador do PSD, o Doutor Balsemão. Eu tenho a honra de o Doutor Balsemão me ter apoiado sempre e, para mim, é muito importante eu ter o apoio daquele que é a primeira referência do nosso partido em termos de fundação". Dando por terminadas as mensagens, "porque são sete", Rio prometeu continuar "a defender a social-democracia" e a "honrar o legado de Francisco Sá Carneiro".
Rio foi aproximando-se do final do discurso relembrado "três frases fundamentais" da altura em que lançou a sua recadandidatura, em outubro, "há praticamente três meses – que foram meses com mais de 30 dias, provavelmente, porque a perceção é a de que foi muito tempo". "Candidato-me a presidente do PSD por espírito de missão e com total desprendimento. Aceitarei a vitória eleitoral sem euforias, tal como respeitarei a derrota sem qualquer mágoa ou azedume. Aceitarei qualquer resultado com a tranquilidade que, em ambas as circunstâncias, de ter cumprido o meu dever para com o partido, com o país e com a minha própria consciência". Garantindo que, para além da satisfação e do orgulho, é desta forma que encara a vitória, Rio sublinhou que "acima de tudo e em primeiro lugar" aceita o resultado "com sentido da responsabilidade".
"Faz hoje um ano que o Conselho Nacional votou pela estabilidade ao votar contra a minha destituição a meio do mandato. Hoje, os militantes do PSD voltaram a votar pela estabilidade ao votar pela manutenção da atual liderança", rematou, acrescentando ainda que espera poder trabalhar no PSD "com estabilidade e com lealdade". Alertando para possíveis "comentadores" que possam vir a dizer que o "PSD está partido", Rui Rio questionou-se. "Mas está partido porquê? Porque teve eelições e uns votaram num e outros votaram noutro? Coisa mais normal do que isso não há". "O PSD porque teve uma eleição disputada não está partido. É um partido democrático, que é uma coisa diferente", explicou.
Indo ao encontro do pedido feito por Luís Montenegro durante o seu discurso, Rio garantiu:"Houve agora um momento para se marcar as diferenças. Vamos iniciar agora um momento para marcar a unidade". Pelo menos, é isso que o presidente reeleito espera. "Tal como fiz há dois anos, hoje vou repetir. Para mim, cabem todos cá dentro, desde que estejam com seriedade e lealdade. O nosso adversário comum é o PS e é a geringonça, não é, naturalmente, o PSD", rematou.
Rio despediu-se dos portugueses garantindo que, na política, não vê os "os outros como inimigos", mas sim como adversários. Explicando que o caminho do PSD vai passar por um reforço na implantação autárquica e regional, na abertura do PSD à sociedade para que os portugueses "não andem a ver lutas de galos e pintainhos" e na aposta numa oposição "construtiva e credibilizadora" .
"Os portugueses têm razão quando se afastam da vida partidária. Portanto, se eu dou razão aos portugueses quando se afastam da vida partidária e sou presidente de um partido, eu tenho a responsabilidade de mudar esse partido para deixar de dar razão aos portugueses", explicou.
Considerando que "há muito trabalho a fazer", Rio promete começar a trabalhar na próxima semana. "Hoje, eu ganhei com PSD. Quero, com o PSD, começar a ganhar o país", finalizou.