A semana passada ficou marcada por mais um episódio hilariante, que muito vem caracterizar a podridão em que se deixou atolar a nossa empobrecida classe política.
Da esquerda à direita, os denominados representantes do povo, que assentam praça naquela espécie de circo a que se convencionou apelidar de Assembleia da República, indignaram-se por uma graçola de um dos seus pares, mas abstiveram-se de se pronunciar quando uma outra habitante daquele estabelecimento de diversão defendeu publicamente o desbaratar de parte do nosso património cultural, oferecendo-o graciosamente a quem nunca o reivindicou.
E as duas situações são bem distintas, em matéria de gravidade: enquanto que um se limitou a ironizar com uma hipotética devolução ao país de origem de uma sua colega de uma bancada oposta, sem pretender, obviamente, que esse assunto fosse levado em consideração, a outra advogou, com convicção, a sua pretensão, querendo dar-lhe cumprimento.
Um estava a brincar, a outra estava a falar a sério!
Mas os nossos distintos deputados, que tanto se esforçam em manter num grau de descrédito absoluto a instituição que representam, apenas embirraram com uma piada que, independentemente de se entender, ou não, como de mau-gosto e de falta de sentido de oportunidade, não passou disso mesmo, ou seja, um simples desabafo em tom jocoso, o qual não expressa, como é óbvio, a real intenção do autor.
E as virgens ofendidas que se pavoneiam pelo pardieiro em que se transformou o parlamento quiseram ir mais longe e todos os partidos, exceptuando-se, naturalmente, aquele que é presidido por quem escreveu a piada, prontificaram-se a fabricar uma declaração de condenação do deputado a quem foi imposto o estatuto de racista. À última da hora, porém, borregaram e não apresentaram em plenário a parvoíce que redigiram, conscientes da chacota em que se estavam a envolver e, sobretudo, receosos do protagonismo que iriam oferecer, de mão-beijada, exactamente àquele que pretendiam molestar.
Registe-se, no entanto, que não se descortinou qualquer tentativa de repúdio público pela proposta anti-patriótica da deputada que dispara acusações de racismo a torto e a direito, em particular vinda das bancadas situadas ideologicamente à direita, as quais, nestas questões, se vendem ao politicamente correcto e se deixam instrumentalizar pelo radicalismo da esquerda folclórica.
E o que esta deputada, agora descartada pelo próprio partido que a ajudou a eleger-se, anda por aí a apregoar é bastante grave e atentatório do dever a que está obrigada por força do cargo que exerce num órgão de soberania nacional, porque fazer a apologia da lapidação dos nossos museus é absolutamente contrário à obrigação a que está vinculada como portuguesa, como se afirma ser, eleita pelos seus concidadãos para defender os legítimos interesses que lhes assistem.
Esta senhora, que em determinadas situações se deixa vencer pela gaguez que a aflige, deficiência física da qual se aproveita para benefício pessoal e político, é, sem qualquer margem de dúvida, a personagem mais racista e xenófoba de todos quantos por cá se têm entretido a fazer da política o seu modo de vida, dando-se ao luxo de denegrir a História do País que alega ser também o seu, ofendendo indiscriminadamente todos os portugueses, a quem acusa de todos os males de que diz a sua raça padecer.
E é na questão da suposta discriminação dos negros que esta criatura se torna absolutamente insuportável: os portugueses não se dividem pela côr da pele, sendo que uma das principais características que sempre os distinguiu dos outros povos é a capacidade de se mesclarem com todas as raças, comportamento que adoptaram desde a génese da epopeia dos descobrimentos, estando, graças à prática dessa virtude, na origem da mestiçagem.
Os portugueses, quando são chamados a votar, não decidem o sentido do seu voto com base na ascendência racial de quem se submete à sua apreciação. Escolhem os políticos que lhes inspiram maior confiança, independentemente de serem brancos, pretos ou amarelos! E se saem à rua para exigir a demissão de um determinado governante, é porque deixaram der se sentir por ele representados, por desconfiarem da sua competência para o exercício das funções para as quais foi eleito, ou nomeado, e não por não gostarem da côr da sua pele.
Por isso temos um chefe de governo de ascendência indiana e uma ministra e diversos deputados com antepassados africanos.
O ser negra não constituiu obstáculo nenhum para que a fulana que nos insulta por tudo e por nada fosse aqui acolhida de igual modo como se tivesse vindo ao mundo nesta terra, aqui se tenha licenciado e posteriormente iniciado uma actividade política que a catapultou para o parlamento.
Se, na verdade, se considera uma voz importante na luta pela igualdade racial, vangloriando-se de que o seu papel pode ser crucial na concretização desse objectivo, então faça as malas e mude-se para paragens onde essa igualdade é sistematicamente posta em causa.
Aconselho-a, por exemplo, a escolher o próprio País de onde é originária e bater-se para que, à semelhança de Portugal, onde um negro pode fazer carreira nos corredores do poder, também aí um branco possa vir a desempenhar funções governativas ou parlamentares.
Vá, mas faça-nos um favor, fique por lá!