O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, disse esta sexta-feira que as acusações das autoridades venezuelanas ao Governo português “não faz nenhum sentido”, em declarações à agência Lusa.
Esta quinta-feira, a Venezuela acusou a TAP de "violar padrões internacionais" e de transportar explosivos, no voo de terça-feira, onde seguiam Juan Guaidó e o tio.
Segundo as autoridades internacionais a companhia aérea portuguesa ocultou a identidade de Juan Guaidó, líder da oposição, no voo para Caracas. Além disso, de acordo com as mesmas, o tio de Guaidó transportou consigo "lanternas de bolso táticas" com "substâncias químicas explosivas no compartimento da bateria" durante o voo.
O governo de Maduro acusa ainda o embaixador de Portugal em Caracas, Carlos de Sousa Amaro de interferir em assuntos internos da Venezuela ao interceder pelo tio de Juan Guaidó.
"Quanto à acusação que foi dirigida pelo presidente da Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela [Diosdado Cabello] ao Governo português e ao embaixador português, ela não faz nenhum sentido. O Governo português, nem por ação nem por omissão, contribui na Venezuela para qualquer outra coisa que não seja facilitar o diálogo político entre as forças que se digladiam na Venezuela", reagiu o ministro dos Negócios Estrangeiros.
"São afirmações de uma pessoa. Julgo que os factos são evidentes e, portanto, devemos todos considerar-nos esclarecidos. O embaixador de Portugal na Venezuela age por instruções do Governo português e em conformidade absoluta com o dispõe o direito internacional. Portanto, espero que este pequeno incidente seja rapidamente ultrapassado", afirmou.
"Fazemos isso porque temos centenas de milhar de portugueses que vivem na Venezuela e cujo bem-estar e cuja saúde são a nossa preocupação maior e o nosso objetivo maior. E também porque na Venezuela vive cerca de um milhão de cidadãos que também tem nacionalidade europeia e, portanto, é para a União Europeia e para Portugal com ela uma matéria de segurança muito importante", disse, salientando a "crise humanitária" vivida na Venezuela.
Apesar de a TAP já ter lançado um comunicado sobre a situação, Augusto Santos Silva garante que as autoridades portuguesas "averiguarão se houve ou não alguma falha de segurança no transporte, na companhia aérea".