As forças de oposição apoiadas pela Turquia retomaram uma vila-chave no noroeste da Síria esta quinta-feira e cortaram o acesso à autoestrada crucial que liga Damasco, a capital do país, à cidade síria com maior número de habitantes, Alepo. Saraqeb tem sido um alvo constante das disputas entre as duas forças e foi recapturada poucos dias depois de ter sido tomada pelas tropas de Bashar al-Assad.
“A cidade de Saraqeb foi libertada completamente do gangue de Assad”, disse em comunicado Najo al-Mustafa, porta-voz da coligação de fações rebeldes, Frente Nacional, apoiada pela Turquia. Segundo a agência noticiosa síria, a SANA, houve “confrontos intensos” entre o Exército e os “grupos terroristas na frente de Saraqeb”. Os rebeldes enviaram carros-bomba e as forças turcas bombardearam o terreno, revelou a SANA, acrescentando que um grupo de insurgentes chegou à autoestrada (M5) para conseguir “um golpe de propaganda”. O bombardeamento turco é corroborado pelo Observatório Sírio para os Direitos Humanos, organização oposta ao Governo sediada no Reino Unido. Dois soldados turcos morreram e outros dois ficaram feridos, avança a Al Jazira.
A M5 tinha sido reaberta pelas forças governamentais pela primeira vez desde 2012. Depois de recapturada por Ancara, o Governo sírio lançou um contra-ataque massivo. Afinal de contas, mesmo não reconquistando o controlo de Saraqeb, as tropas governamentais sempre conseguiram tomar mais de 20 vilas a sul esta quinta-feira, diz a Associated Press, citando os média estatais sírios.
Mas a perda de Saraqeb e, por consequência, da M5 não deixa de ser uma derrota para Assad. Ganhar o controlo da autoestrada em questão é um dos grandes objetivos do Governo, fazendo parte do plano para reavivar uma economia completamente devastada pela guerra.
As forças pró-Governo, apoiadas pela Rússia, têm conseguido avanços cruciais nas últimas semanas, ganhando o controlo do último grande bastião dos rebeldes, a província de Idlib, em dezembro. A campanha militar levada a cabo pelo Governo para retomar esta província desencadeou uma crise humanitária, trazendo a maior onda de deslocamentos desde que a guerra se iniciou: quase 950 mil pessoas desde dezembro, segundo as Nações Unidas.