Ana Gomes, uma não candidata sob pressão

Ex-eurodeputada do PS tem ganho apoios para concorrer às presidenciais. Já disse que não tem essa ambição, mas há quem acalente a ideia de que a soma de apoios a faça mudar de posição.

Ainda faltam cerca de dez meses para as próximas eleições presidenciais e Ana Gomes, ex-eurodeputada do PS, tem ganho apoios para uma candidatura presidencial. Há quem garanta que a também diplomata de carreira vai mesmo avançar (como foi o caso do comentador Marques Mendes), mas a própria tem dito que não tem «essa ambição». Contudo, uma declaração (numa entrevista ao DN e à TSF) alimentou as expectativas de quem a quer ver a concorrer ao Palácio de Belém.

«Nem a fecho [a porta a uma candidatura] nem a deixo aberta. Não estou aí. Estou a fazer o meu trabalho. O importante é discutir o que tem de ser discutido hoje, e não o que se vai passar daqui a uns meses», afirmou Ana Gomes na referida entrevista. Entre quem a apoie há quem admita ao SOL que a recusa em ser candidata não é definitiva e que pode estar a avaliar se a sua atividade cívica será mais útil na corrida à presidência. O SOL tentou contactar Ana Gomes, mas sem êxito.

E quem é que já lhe declarou apoio? Francisco Assis, ex-eurodeputado do PS (dos primeiros a lançar o seu nome), Henrique Neto, empresário, Ricardo Sá Fernandes, membro do Livre e advogado, Rui Tavares, fundador do Livre (que já admitiu também o eventual apoio) o ex-deputado Paulo Trigo Pereira, Daniel Adrião, membro da comissão política nacional do PS, e o académico (mais alinhado à direita) Nuno Garoupa. Mas haverá mais. Contudo, ainda é cedo para tomar partido. Primeiro, porque a própria tem dado sinais de que a sua atividade pública não passa pela corrida presidencial, segundo porque a experiência demonstra (sobretudo no PS) que declarar apoios prévios pode conter riscos. Por exemplo, no passado, em 2005, Manuel Alegre chegou a ser apontado como o candidato presidencial do PS. Contudo, Mário Soares, fundador do partido, arriscou uma terceira candidatura a Belém e os socialistas optaram por apoiá-lo. Alegre avançou na mesma.

Esta semana, João Cravinho, antigo ministro e deputado do PS afirmou ao i que era admirador de Ana Gomes, considerando-a «um bem público nacional (a sua produção, a sua atividade cívica) que deve perdurar muito para além desta questão da Presidência a decidir em 2021». Ou seja, deixou conselhos sobre os prós e contras de uma candidatura presidencial, sublinhando que era necessário fazer avaliação de um «conjunto das situações de pré-campanha, campanha e pós-campanha» para perceber de que forma Ana Gomes pode «acrescentar a sua própria capacidade, influência e conseguir situar-se num ponto mobilizador ao longo de todo o tempo, e não apenas num período de campanha para a Presidência». Por seu turno, José Vera Jardim, antigo deputado do PS, realçou que a ex-eurodeputada é «uma mulher de causas» e será «obviamente» uma boa candidata. Mas, lembrou que a própria já disse não ter a intenção de concorrer. O tempo o dirá.