A grande maioria dos portugueses com, pelo menos, um sintoma indicativo de covid-19 não contacta os serviços de saúde e 7% dirigem-se diretamente às urgências, contra todas as recomendações das autoridades de saúde. A conclusão é de um estudo elaborado pela DECO.
A insistência na divulgação das recomendações da DGS parece não estar a ser eficaz. Muitos portugueses não as seguem, de acordo com as respostas dadas ao inquérito da associação de defesa do consumidor.
“9% dos portugueses revelaram ter tido, pelo menos, um dos sintomas característicos da covid-19 (febre, tosse seca ou dificuldades respiratórias) nos últimos 15 dias, mas 77% não contactaram os serviços de saúde e metade revelou não cumprir quarentena. Apenas 12% dos que apresentaram sintomas ficaram em casa, não saindo em nenhuma circunstância”, lê-se no estudo publicado no site da DECO.
As indicações da DGS para quem manifeste sintomas compativeís com a covid-19 são claras: ligar para o SNS 24 e seguir as instruções, no entanto “apenas 13% dos inquiridos o fizeram, e 7% confessaram ter-se dirigido diretamente às urgências, arriscando contagiar outros, no caso de estarem infetados”.
Na altura do inquérito, o estado de emergência não tinha ainda sido declarado, mas o isolamento social já era fortemente aconselhado. “Contudo, só 68% indicaram cumprir à risca as recomendações relativas à permanência em casa. As mulheres mostraram-se mais respeitadoras do que os homens. Em Lisboa, parece haver um pouco mais de observância por aquelas normas do que no Porto: 74% dos lisboetas seguem-nas à risca contra 67% dos portuenses”, explica a associação.
No que toca ao prejuízo financeiro das famílias, o estudo da DECO prevê que o total chegue aos 1,4 biliões de euros.
O valor médio de quem admitiu ter tido danos financeiros é de 763 euros. “Ao nível profissional, estas famílias deixaram de ganhar, em média, 581 euros, sendo que uma em cada 10 perdeu rendimentos superiores a mil euros. Extrapolando os valores recolhidos para o universo das famílias portuguesas, cada uma terá perdido, em média, 349 euros. Ao multiplicar este valor pelo número de agregados nacionais, concluímos que o total do prejuízo já soma 1,4 biliões de euros”, esclarece a associação.