Foi um dos momentos da semana política. Num debate quinzenal em que as críticas ou observações sobre o combate a pandemia da Covid-19 estiveram muito longe das tradicionais discussões política do passado recente, eis que o líder do PSD, Rui Rio, abandonou o hemiciclo em protesto… contra a sua própria bancada. E deixou um lastro de incómodo no partido, sobretudo porque a crítica à bancada foi feita com estrondo, após um ralhete também do presidente do Parlamento.
A situação inédita teve por base a dimensão da bancada do PSD, de deputados sentados, e de uma intervenção do presidente do Parlamento, Ferro Rodrigues, em jeito de defesa da honra. Mas vamos por partes. O PSD defendeu que a ‘Casa da Democracia’ deveria funcionar com a sua comissão permanente, ou sejam 46 deputados, em tempos de estado de emergência sanitária. A conferência de líderes decidiu que o plenário funcionaria com 1/5 dos deputados sempre que não existissem votações, isto é 46 deputados. Na prática a solução é similar, mantém-se o Parlamento a trabalhar e o plenário tem mais poderes (a comissão permanente tem menos).
No debate quinzenal, o PSD não deveria ter mais do 16 deputados:
Mas estavam mais no momento em que Ferro Rodrigues encerrou o debate e usou da palavra para responder a uma crítica do deputado social-democrata Ricardo Baptista Leite. «Nós temos de dar o exemplo pela prevenção e pelo trabalho», avisou Ferro Rodrigues, respondendo à intervenção do parlamentar social-democrata. Que insistiu ser um erro manter o Parlamento a funcionar nos atuais moldes. E Ferro lembrou que estavam 38 parlamentares registados, quando só deveriam estar 18. Não seriam 18, mas 16, e de facto, no final do debate estariam mais parlamentares do PSD sentados: mais cinco ou seis.
O problema é que muitos entraram e saíram da sala, para fazer apenas o registo de presença, não desligaram o sistema e alguns ficaram na sala. Isto apesar de terem recebido um e-mail para manter «a todo o momento» apenas 16 deputados na bancada do PSD. Alguns deputados como Margarida Balseiro Lopes, ou Carlos Silva, estavam sentados e não faziam parte da lista distribuída no e-mail.
Em todo o caso, muitos quiserem ouvir a prestação do PSD e uma fonte social-democrata lembrou ao SOL que «ninguém pode impedir um deputado de ouvir o debate». Seja como for, não haverá qualquer consequência no PSD para quem estava no plenário (e não deveria estar), estando previsto que no próximo plenário (a 2 de abril), o PSD dê instruções mais claras aos deputados, apurou o SOL.