António Campos foi durante muitos anos uma espécie de braço-direito de Mário Soares e integrou o Governo de bloco central entre 1983 e 1985. Numa altura em que volta a estar em cima da mesa uma aliança entre socialistas e PSD para enfrentar a crise, o fundador do PS diz que os tempos são diferentes e «não vai ser necessário».
António Campos foi secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro no único Governo que juntou PS e PSD e lembra que o país estava à beira da rutura financeira. «Desta vez não vai haver rutura financeira. É uma situação completamente diferente. Naquela altura não estávamos na União Europeia e o país estava à beira da rutura financeira».
Um governo de bloco central seria «mau para a democracia» e só deve existir «numa situação de crise muito elevada», diz Campos, com a convicção de que a União Europeia será «forçada» a chegar a acordo para enfrentar os problemas provocados pela pandemia.
A discussão sobre a necessidade de um Governo de salvação nacional surgiu assim que se tornou evidente que os tempos a seguir à pandemia não vão ser fáceis. Marcelo e António Costa afastaram, para já, esse cenário. O Presidente da República alertou, porém, que temos de estar «unidos» quando chegar a hora de enfrentar a crise económica provocada pelas medidas restritivas aplicadas para controlar a pandemia.
Marques Mendes, conselheiro de Estado, também defendeu que seria «mau para a democracia» um Governo de bloco central, porque levaria ao crescimento dos partidos extremistas. O ex-líder do PSD admitiu, no entanto, que «PS e PSD vão ter de fazer um esforço para se entenderem» na aprovação dos próximos Orçamentos do Estado.