No dia em que arranca o 3.º período letivo, o ministro da Educação deu uma entrevista à TVI, na qual começou por sublinhar a importância do regresso às aulas durante este período de pandemia. “Seria impossível estar seis meses sem atividades letivas”, afirmou, explicando que, caso não houvesse aulas, as consequências seriam “nefastas para cada um dos nossos estudantes”.
Garantindo que o ministério que tutela forneceu às escolas de todo o país as ferramentas, recursos e orientações necessárias para o ensino à distância. “Inclusivamente, orientações para que cada uma das escolas possa fazer o seu plano”, explicou, sublinhando que os estabelecimentos de ensino “têm estado a adaptar-se de forma notável a esta realidade”.
Tiago Brandão Rodrigues explicou ainda que é do conhecimento do ministério que “acessibilidade é que existe de internet”, que é o meio utilizado para tornar possível este ensino à distância. O ministro da Educação garantiu ainda que, tendo conhecimento de que não é possível chegar a todos os alunos a partir de videochamadas, e-mails ou plataformas, há outras soluções para fazer chegar aos alunos o material de que precisam para trabalhar. “Temos também o telefone”, exemplificou, acrescentando que “as escolas estão também a adaptar-se, a utilizar o correio, a fazer chegar através da Escola Segura, da PSP e GNR, através das autarquias e das juntas de freguesia”.
Tiago Brandão Rodrigues explicou que tanto o ministério, como as escolas, estão a fazer um levantamento para saber quais as “necessidades acrescidas”, nomeadamente, no que diz respeito ao número de alunos que, por falta de meios, não têm acesso a este ensino à distância. “Todos os dias vamos ajustando esses números”, explicou, garantindo que é impossível ter “um número exato”.
Quando questionado sobre se no próximo ano letivo seria possível que todos os alunos tivessem acesso à internet ou acesso a um computador, Tiago Brandão Rodrigues relembrou que esse “plano de transição digital” já tinha sido anunciado antes da pandemia por si, pelo primeiro-ministro, António Costa, e pelo ministro da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira. “Estamos a trabalhar para que todos os estudantes possam ligar-se telematicamente a partir de sua casa. Não só pela imprevisibilidade que vamos ter em relação ao próximo ano, com a possibilidade de outras ondas deste surto epidemiológico, mas também entendemos que a transição digital se tem que fazer”.
Garantindo que “a simples existência de meios telemáticos não resolve tudo”, Tiago Brandão Rodrigues considerou que “o papel mais importante” tem sido o dos professores, “que estão também a reinventar-se, a conhecer cada vez melhor todos estes meios e recursos que estão agora disponíveis”.
No que diz respeito à telescola, Tiago Brandão Rodrigues explica que nenhum dos blocos temáticos – que, à exceção dos que estão destinados aos alunos do 9.º ano, estão preparados para alunos que frequentam anos diferentes – “foi preparado para uma turma específica deste país”. Segundo o ministro da educação, “esta outra oferta” destina-se aos alunos que, não tendo computador, não trabalham com os seus professores, seja por videochamada, seja por e-mail. Agora, “é preciso distanciarmo-nos que era a telescola”, explicou o ministro. “A telescola era semipresencial. Nós tínhamos uma turma que estava em sala de aula, com um monitor e professor, e depois tínhamos professores que, através da televisão, chegavam a essa sala de aula”. O que vai começar a acontecer a partir de segunda-feira é, segundo Tiago Brandão Rodrigues, “completamente diferente”. “Está balizado em dois anos. O que fizemos foi ter uma atenção especial para ter num canal, que é de acesso universal”, a RTP Memória que, segundo o ministro é um dos canais que está “acessível a todos os português”.
Quanto aos alunos de 11.º e 12º ano, Tiago Brandão Rodrigues explicou que o Governo quis dar não só a “possibilidade de terminarem o ensino secundário”, mas também de fazerem as provas de acesso ao ensino superior. Quanto à fórmula de acesso ao ensino superior e de uma possível alteração, Tiago Brandão Rodrigues esclareceu que essa será uma decisão da Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior. “Nós podemos garantir que os alunos façam as provas de acesso e que terminem o ensino superior”, esclareceu.
Apesar de o Governo ter cancelado as provas e exames do 9.º ano, vai permitir que "os alunos façam só as provas que contam como provas de acesso". "O que diminuirá muito todos os constrangimentos naquilo que é a preparação desta grande operação em julho em setembro – e não em junho e em julho, como estava incialmente previstas as épocas de exames", esclareceu. "Não interrompemos aqui o percurso de vida de cada um dos nossos estudantes", garantiu.