Costa reúne-se com cardeal-patriarca para analisar reabertura de igrejas

“Se tivermos de manter as medidas para funerais e casamentos, serão mantidas”, diz Graça Freitas.

O primeiro-ministro reúne-se esta segunda-feira com o cardeal-patriarca de Lisboa para preparar o levantamento das restrições às celebrações religiosas a partir do próximo mês. A informação foi avançada pela Renascença e confirmada pelo gabinete de António Costa. O encontro está marcado para as 9h e há agora a expetativa de algumas celebrações poderem ser retomadas no próximo mês.

Nos últimos dias, o Governo ainda não tinha referido essa hipótese. Na semana passada, o Presidente da República, questionado sobre as celebrações do 13 de Maio, afastou eventos de massas, considerando que maio será um mês de transição incompatível com grandes aglomerações. Também este domingo de manhã, no briefing diário, a diretora-geral da Saúde indicou que se mantém em vigor a orientação que impede eventos com mais de 100 pessoas. Questionada pelo i se é previsível que essa norma venha a ser levantada no próximo mês, permitindo, nomeadamente, casamentos e funerais, Graça Freitas não deu uma resposta definitiva e defendeu que terá de existir muita cautela. “Nós não sabemos como vão ser os períodos entre ondas. Admitimos que entre ondas há um período em que o número de casos é baixo mas, quando aliviamos as medidas, pode haver um recrudescimento. Se tivermos de manter as medidas para funerais e casamentos, serão mantidas. Há aqui um bem maior que se sobrepõe, que é o da saúde individual e da saúde pública”, afirmou. Graça Freitas insistiu em que o regresso à vida normal terá de ser conciliado com muito cuidado e medidas de distanciamento, um equilíbrio que “tem de ser visto dia a dia, acontecimento a acontecimento, com a grande responsabilidade de vigiar estas curvas”. Questionada também sobre que medidas estão a ser pedidas aos cidadãos que chegam ao país vindos do estrangeiro, nomeadamente de França, Inglaterra e outros países com mais casos, agora que os voos foram retomados, Graça Freitas disse que, por agora, não se justifica o pedido de isolamento profilático por 14 dias, dado que todo o país está sujeito ao confinamento domiciliário.

 

Planos no fim do mês

O Governo tenciona apresentar um calendário e um programa de desconfinamento progressivo no Conselho de Ministros de 30 de maio, dois dias depois da reunião técnica agendada, na semana passada, para 28 de abril. A indicação foi dada este fim de semana por António Costa numa entrevista ao Expresso.

O primeiro-ministro disse que tudo dependerá da evolução da pandemia nas próximas semanas, mas deixou a ideia de que o objetivo é que os universos que retomem a atividade numa primeira fase não se sobreponham. “Por exemplo; o universo do 11.o, do 12.o e das creches são universos que não se cruzam”.

Outra ideia agora mais concretizada é que o teletrabalho deverá continuar em maio para a maioria da população que consegue trabalhar à distância, dando assim primazia ao regresso de algumas atividades letivas presenciais – em particular no secundário e pré-escolar –, além da abertura de pequeno comércio já anunciada na semana passada. E o objetivo é atenuar desta forma o problema das horas de ponta nos transportes públicos, que António Costa já tinha assumido ser um dos principais desafios logísticos da próxima fase de resposta à pandemia. “A intenção é que estudantes e professores não se cruzem nos transportes públicos. Gostaríamos também de ir mantendo o maior número de pessoas em teletrabalho durante o mês de maio, para evitar essa concentração, e que a saída do teletrabalho se possa fazer também de forma faseada”, disse o primeiro-ministro, regressando à ideia de que, mais tarde, os horários poderão ter de ser ajustados por turnos: “Uns trabalhando de manhã, outros à tarde; uns numa semana presencialmente, outros outra. Se é em junho ou se ainda pode ser em maio, depende muito. Temos de ir medindo dia a dia o que vai acontecendo”.

Quanto a aglomerações, António Costa disse que o primeiro passo em termos de reabertura de equipamentos culturais será nos espaços com lotação fixa, por exemplo, cinemas, com alternação em filas – um cenário que especialistas ouvidos pelo SOL já tinham admitido, considerando, no entanto, uma reabertura logo no início de maio prematura: na altura, Portugal poderá ainda registar cerca de 60 novos casos por dia de covid-19.

O país passou este domingo a barreira dos 20 mil casos confirmados. O número de vítimas mortais subiu para 714, com a taxa de letalidade em pessoas com mais de 80 anos a passar os 12%.