Acabaram-se as bolinhas de papel a voar, as conversas cruzadas e os recados escritos. Agora, em tempos de ensino à distância, são outras as formas de perturbar uma aula. E os professores apontam o dedo não só a alguns alunos, como também a pais. Os casos não são generalizados, mas, ao que o SOL apurou, acontecem um pouco por todo o país. Por exemplo, num agrupamento de escolas de Lisboa, Eça de Queirós, já houve mesmo necessidade de fazer um alerta formal à comunidade escolar. Num email a que o SOL teve acesso, a diretora, Maria Eugénia Coelho, começa por referir a dificuldade que os professores têm tido em adaptar-se de um momento para o outro à nova realidade e pede uma reflexão sobre alguns comportamentos de alunos e de encarregados de educação.
«Os alunos, usando as suas competências digitais boicotaram algumas sessões, com comportamentos que me escuso de qualificar», diz, acrescentando ainda que «alguns pais entraram nas sessões, deram opiniões sobre o que entenderam e classificaram o desempenho do docente».
«Não posso aceitar estas situações», desabafa a diretora, lembrando que «os alunos têm de ter um comportamento cívico e de participação correto e respeitador».
E quanto ao comportamento dos encarregados de educação, pede que seja exemplar: «Enquanto diretora, mas também enquanto mãe, não revejo nas atitudes que presenciámos aquilo a que estou habituada na relação encarregados de educação/escola».
«Não posso nem quero aceitar a interferência de alguns pais nas sessões», acrescenta ainda.
Concluindo que em causa não estão comportamentos generalizados, mas sim algumas exceções, a direção do agrupamento, termina o email pedindo a colaboração de todos para que não se repitam as interferências nas aulas à distância.
O agrupamento de escolas Eça de Queirós, assim como a maioria dos agrupamentos em Portugal, está a tentar não só adaptar-se às aulas à distância, como ainda que todos os alunos tenham acesso a um computador e a internet, como assegura a responsável no email enviado aos pais: «Temos estado a trabalhar para disponibilizar equipamentos aos alunos que os não têm».