Um inquérito realizado pela Academia Portuguesa de Cinema aos seus associados revela que 80% dos profissionais do setor estão desde o início do estado de emergência sem remuneração. Segundo a Academia de Cinema, 65% desses profissionais têm a sua retribuição baseada em recibos verdes e outros 15% em regimes similares, “não podendo por isso recorrer a nenhum dos apoios definidos pelo Governo”.
De acordo com o mesmo inquérito, a generalidade dos inquiridos confirmou que tinha suspendido as rodagens. Desses, um terço não sabe se voltará a rodar. O que também preocupa os profissionais do setor é o regresso à atividade, depois do fim da pandemia: “Apenas 57% confirma que planeia regressar. Os restantes não sabem se regressam e há mesmo 3% a informar que deixarão de exercer atividade neste setor”.
De acordo com o comunicado enviado às redações em que são divulgados os resultados do inquérito, na segunda-feira, numa audiência com o Presidente da República, o presidente da Academia Portuguesa de Cinema, Paulo Trancoso, manifestou “profunda preocupação quanto ao futuro do setor, caso não sejam acauteladas de imediato medidas de contingência que assegurem a sobrevivência económica individual e financeira das empresas e dos seus colaboradores”.
As medidas propostas pela Academia Portuguesa de Cinema compreendem a “definição imediata de um Plano de Emergência que assegure a sobrevivência dos profissionais do cinema e audiovisual”, na elaboração do qual se disponibiliza para colaborar, um “concurso relâmpago com verbas para iniciativas online, e de burocracia mínima” e ainda a elaboração de um plano para que seja possível regressar às rodagens “com equipas reduzidas e cuidados sanitários máximos”.
O setor do cinema e do audiovisual emprega, direta e indiretamente, segundo a Academia Portuguesa de Cinema, mais de 20 mil profissionais, entre atores, realizadores, guionistas, argumentistas, técnicos de luz e som, entre outros.