Entre as 24 pessoas mortas num ataque à maternidade de Dashti-e-Barchi, em Cabul, estavam dois recém-nascidos, bem como enfermeiras, crianças, mães e grávidas. Três homens, mascarados com uniformes da polícia, tomaram de assalto as instalações, esta terça-feira à noite, atirando granadas e disparando indiscriminadamente com armas automáticas. Acabariam por ser abatidos pela polícia e pelas forças especiais, depois de um tiroteio que durou horas. Uma das imagens, tiradas depois do massacre, mostra que uma mulher morta no chão ainda estava agarrada ao seu bebé. A Reuters confirmou que a criança sobreviveu – está nos cuidados intensivos noutro hospital.
A maternidade de Dashti-e-Barchi era gerida pelos Médicos sem Fronteiras, que lamentaram o "ataque doentio" e a anunciaram a morte de pelo menos uma profissional de saúde afegã. "Enquanto a luta durava, uma mulher deu à luz o seu bebé e ambos estão bem", saudou a organização. Este crime de guerra não foi reivindicado, mas suspeita-se que tenha sido cometido pelo Estado Islâmico (Daesh), que te reforçado a sua presença no Afeganistão: muitos habitantes do bairro de Dashti-e-Barchi são Hazara, uma minoria xiita que já foi alvo do Daesh noutras ocasiões.
Entretanto, pelo menos 19 recém-nascidos sobrevivente já foram acolhidos e tratados num hospital de Cabul, avançou a BBC. Ainda não é claro quantos perderam as mães. "Respiraram os seus primeiros folegos no meio das cenas mais horríveis", lamentou um porta-voz do ministério do Interior nas redes sociais. Ainda assim, muitos familiares das vítimas não deixaram de os criticar. O Governo "tem de providenciar segurança e justiça", exigiu um deles, Mohammad Azar, à televisão britânica. "Só então o povo reconhecerá este Governo".