O ministro do Interior de Moçambique, Amade Miquidade, anunciou que, nas últimas 48 horas, as forças armadas abateram 50 insurgentes em Cabo Delgado. A província no norte do país que há anos é abalada por ataques de jihadistas, que declararam lealdade ao Estado Islâmico.
42 das mortes terão ocorrido quando soldados intercetaram três viaturas, três motas e um camião cisterna dos insurgentes, na estrada entre Chinda e Mbau, perto de Mocimboa da Praia – a primeira localidade atacada pelos insurgentes, em 2017. Menos de um dia depois, uma incursão dos insurgentes em Quissanga – que ainda há uns meses tinha tomado, antes de regressaram ao mato – terá sido impedida pelas tropas, que dizem ter abatido oito dos atacantes no processo.
"As Forças de Defesa e Segurança condenam de forma veemente as repugnantes e calamitosas façanhas dos assassinos, assim como a destruição indiscriminada de bens da nossa população", afirmou Amade Miquidade. O ministro acusou o grupo de querer "inviabilizar, através do terror, medo e desunião, a vontade dos moçambicanos de construírem uma nação próspera na base dos ricos recursos que abundam naquela parcela do país".
Contudo, boa parte da "desunião" entre moçambicanos tem sido relacionada com as ações das próprias forças armadas, acusadas de abusos, o assassinato de jornalistas e até de tortura na região. Quanto aos "ricos recursos", o ministro fala, entre outras coisas, das enormes reservas petrolíferas de Cabo Delgado, concessionados a gigantes multinacionais. Muitos suspeitam que os habitantes de Cabo Delgado, uma das províncias mais pobres do país, verão muito poucos desses lucros, como tem acontecido até agora. Algo que é visto com um dos motivos da popularidade dos insurgentes, apesar das suas atrocidades.