O programa de estabilização económica e social (PEES) do país já foi publicado e o chefe de Estado voltou este domingo, a partir dos Açores, a considerá-lo um “remendo”, uma “transição” para responder à crise provocada pela pandemia da Covid-19. O combate será duro e longo.
Depois do Orçamento Suplementar, há dois orçamentos a fazer (o de 2021 e o de 2022) e não há dúvidas em Belém: “Temos aqui um combate para uns anos”, defendeu o Presidente, acabado de chegar a Ponta Delgada, iniciando uma visita ao concelho mais afetado pela Covid-19: o concelho de Nordeste.
Numa análise sobre o que está em jogo, o Presidente saudou os sinais vindos da Europa, de atuar em conjunto contra a crise provocada pela covid-19. De realçar que o apoio europeu só ficará clarificado em julho.Marcelo quis passar uma mensagem de realismo:“Baixemos as expectativas. Depois poderemos ter resultados melhores”.
Do lado do PSD, o porta-voz do Conselho de Estratégia Nacional, Joaquim Miranda Sarmento, escreveu ontem no twitter que o PSD “entende que é preciso atuar já na recuperação da economia, que existe muito trabalho interno para fazer, para melhorar o ambiente empresarial, legislativo, fiscal e de capital humano, enquanto que o Governo limita-se para já, nomeadamente com o PEES, a ter uns paliativos económicos e sociais, aguardando por 2021, na van esperança de que os dinheiros Europeus e a conjuntura internacional operem um “milagre económico”. Ainda assim, o PSD tem vontade de viabilizar o Orçamento Suplementar.
Já o BE admitiu ontem viabilizar o Orçamento porque se concretizaram alguns avanços no layoff, no acesso ao subsídio de desemprego ou apoio na perda de rendimento. Agora tudo depende do que ficar escrito no Orçamento.
Se o BE parece querer dar a mão ao Governo, o PCP fez um discurso cauteloso ontem num comício: “Não temos ilusões em relação à eficácia do Programa de Estabilização com as suas insuficientes medidas de curto prazo, para conter e impedir no imediato os previsíveis perigos que estão presentes na realidade portuguesa”.André Silva, do PAN, disse ao i que “o PAN considera que o programa apresentado pelo Governo apresenta-se como sendo ainda muito vago e no campo das intenções. Se, por um lado, parece apresentar algumas respostas importantes para a crise social e económica que vivemos, no entender do PAN, fica, porém, bastante aquém do que deve ser um plano de recuperação económica e social e é ainda omisso quanto à forma como haverá lugar à sua efetiva implementação”, seja no ambiente, na cultura, entre outras. Ou seja, é “um plano claramente incipiente, preso ao passado ao invés de procurar atuar em linha com uma resposta urgente a dar aos desafios, nomeadamente climáticos”.
Já a Iniciativa Liberal considera que o Governo “ parece perdido no labirinto da sua própria atuação” . Para o partido liderado por João Cotrim de Figueiredo “a fase de Emergência está mergulhada em controvérsia sobre a solidez da contenção sanitária e da incoerência inaceitável das regras, enquanto a fase de Recuperação assenta nos dinheiros de Bruxelas cuja definição tarda e cujo calendário desliza perigosamente para meados do ano que vem”.
Por seu turno, António Saraiva, presidente da CIP, diz ao i que considera “positivas estas medidas e espera que possam ser o início do relançamento da economia que será lenta e assimétrica”. Isto apesar de poder haver sempre margem para “progressões” em algumas medidas.