A pandemia do novo coronavírus só chegou a Portugal em março e só por essa altura o país parou devido às restrições do estado de emergência mas foi suficiente para que o país terminasse o primeiro trimestre do ano com o défice das administrações públicas de 1,1%.
Os dados foram revelados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística que revela ainda que o saldo das Administrações Públicas atingiu os -570,9 milhões de euros, “correspondente a -1,1% do PIB, o que compara com 0,1% em igual período do ano anterior”. Em termos homólogos verificou-se um aumento da despesa total, de 4,3%, superior ao aumento da receita total, de 1,1%.
“Os resultados apresentados correspondem à versão preliminar das Contas Trimestrais por Setor Institucional (CTSI) para o 1.º trimestre de 2020 e refletem já os efeitos da pandemia covid-19 na atividade económica”, avisa o INE.
Até março, a despesa total fixou-se em 20.598,2 milhões de euros e a receita total foi de 20.027,2 milhões de euros. O saldo negativo é comparado com o excedente de 59 milhões de euros registado em igual período do ano passado.
Estes dados do gabinete de estatística ainda não refletem os efeitos totais da pandemia no país e, recorde-se, o Governo prevê, no Orçamento Suplementar, um défice orçamental de 6,3% este ano devido aos efeitos da pandemia.
O aumento da despesa corrente cresceu 3,1%, subida que foi “resultante de acréscimos nas prestações sociais (3,0%) e nas despesas com pessoal (5,1%), refletindo medidas de política de valorização salarial, no consumo intermédio (9,3%), traduzindo o aumento da despesa em matérias de consumo específico dos serviços de saúde no contexto do combate à pandemia covid-19 e nos subsídios pagos (18,0%)”, explicita o gabinete de estatística.
Já no que diz respeito às receitas foram registados crescimentos “nas rubricas de impostos sobre o rendimento e património (1,0%), contribuições sociais (2,7%) e outra receita corrente (16,1%), enquanto a receita com impostos sobre a produção e a importação e as vendas diminuiu 0,6% e 4,5%, respetivamente”.
O INE acrescenta ainda que “a receita de capital registou um aumento de 12,6%, justificada pelo aumento de transferências recebidas da União Europeia”.