Nas últimas semanas saíram sete pessoas do PAN. Entre elas o único eurodeputado do partido e uma deputada na Assembleia da República. O que motiva estas divergências são questões ideológicas ou pessoais?
Acima de tudo, questões pessoais. As pessoas que saíram do partido fizeram-no ao arrepio do debate interno. Ocupavam cargos e lugares onde podiam, assim o tivessem querido, debater e procurar mudar o que consideravam estar errado. Fizeram-no, resta-nos concluir, porque estão mais preocupados consigo e com os seus interesses pessoais do que com as causas que motivam o PAN.
Houve uma tentativa de dialogar com estas pessoas ou as divergências eram insanáveis?
Durante este primeiro ano, após a conquista política que permitiu a eleição do eurodeputado, foram várias as tentativas de diálogo por parte das estruturas do PAN junto do mesmo. O mesmo em relação às restantes pessoas que se demitiram [agora] do partido.
Estas saídas estão relacionadas com o crescimento do partido?
Sim, com certeza. Nos seus nove anos de existência, o PAN tem tido um percurso de crescimento e consolidação notável. Como outros partidos ao longo da história da democracia portuguesa, infelizmente, o nosso partido não esteve imune a estes fenómenos.
Uma das críticas feitas por todos os descontentes é que a direção do partido é autoritária e não está disponível para ouvir outras opiniões. Aceita esta crítica?
Não aceitamos de todo esta crítica. O PAN sempre pautou a sua atividade, interna e externamente, pelo diálogo, cooperação e articulação de várias ideias e opiniões. Sempre fomos abertos ao diálogo e ao debate de ideias entre os vários membros e órgãos do partido. Ainda assim, ao invés de fazerem este debate de oposição interna, houve quem optasse por se desvincular e manter os seus cargos remunerados, alcançados através do voto e da confiança do eleitorado no PAN.
Até que ponto é que esta saídas afetam a imagem do partido depois do sucesso eleitoral conseguido nas últimas eleições legislativas?
Mais do que afetar a imagem do partido, estas saídas, nas condições em que tiveram lugar, ou em que foi privilegiada a prossecução de objetivos pessoais e não o projeto do PAN, podem afetar a confiança que os eleitores e eleitoras depositam na política e nos políticos. Estas saídas afetam, por outro lado, o eleitorado do PAN, defraudando as suas expectativas. Estas pessoas deixaram o partido privilegiando as suas agendas pessoais, em detrimento da vontade de quem votou no PAN e no seu programa eleitoral.
De que forma é que o PAN vai refletir sobre esta situação? Pondera convocar um congresso devido às saídas de alguns elementos da direção nacional?
Estas demissões foram devidamente acompanhadas pelos órgãos internos do partido. Temos recebido inúmeras mensagens de apoio a reforçar a confiança no projeto político que é o PAN. Este não é o momento para avançar com a realização de um congresso. Mas obviamente que vamos fazer a nossa análise e reflexão interna e vamos ouvir as opiniões e preocupações dos nossos membros e filiados. Neste momento a nossa grande prioridade é continuar a dar resposta à preocupações das pessoas no contexto da crise económica, social e ecológica que vivemos e continuar com o maior empenho a dar voz às causas que formam o nosso ideário.