Sem surpresas os cinco projetos para colocar um ponto final nos apoios públicos às touradas foram chumbados graças aos votos do PS, PSD, PCP, CDS e Chega. Ainda assim, quando o tema é tauromaquia há sempre divisões, designadamente no PS. Por isso, ontem, assistiu-se a votos desalinhados no PS, contrariando as orientações de voto dos socialistas, e aproveitando a liberdade de voto. Foram cerca de 30, oscilando entre a abstenção e o voto a favor, conforme os projetos.
Por exemplo, do lado do PS votaram a favor do projeto, que resultou de uma iniciativa legislativa de cidadãos, os deputados Pedro Delgado Alves, Marina Gonçalves , Maria Begonha ( líder da JS), Hugo Carvalho e Diogo Leão, Anabela Rodrigues, Luís Graça, Porfírio Silva, Filipe Pacheco, Rita Madeira, Tiago Estevão Martins, Susana Correia, Carla Sousa, Maria Antónia Almeida Santos, Filipe Neto Brandão. Bacelar Vasconcelos e Sónia Fertuzinhos. Abstiveram-se deputadas como Elza Pais e Catarina Marcelino. Ou seja, houve cinco abstenções do PS e 31 votos a favor do projeto, contra a indicação de voto dos socialistas. O momento das votações obrigou os parlamentares a levantarem-se e dizerem o nome um, a um. O processo foi complexo, ao ponto da parlamentar Edite Estrela, que conduzia os trabalhos, declarar: «É uma contabilidade difícil».
Pedro Delgado Alves, vice-presidente da bancada socialista, teve o papel de ler o sentido de voto dos nomes dos deputados ausentes. De realçar que o Hemiciclo ainda não tem os 230 deputados presentes por razões sanitárias para serem respeitadas as regras de distanciamento social ao abrigo da pandemia da covid-19.
Os desalinhamentos foram vários (reconhecidos pela liberdade de voto socialista) e Delgado Alves foi servindo de porta-voz dos parlamentares que não concordavam com a indicação de voto oficial. Chegou a pedir desculpas pela « atipicidade do processo».
Um dos parlamentares socialistas, que votou a favor do fim dos apoios públicos foi o deputado Tiago Barbosa Ribeiro. No twitter escreveu: «Votei a favor de todos os projetos que pretendiam o fim de financiamentos públicos a touradas. Lamento o (previsível) chumbo das iniciativas, mas vale a pena registar o grande número de deputados do PS que votaram no mesmo sentido. O caminho faz-se.»
De facto, o PS não tem orientação fechada sobre a tauromaquia e há quem defenda que a melhor solução para este dossiê seria mesmo definir uma posição no próximo congresso nacional do partido.
Os projetos que foram chumbados não defendiam a proibição das touradas, mas solicitavam que ficasse impedido, por lei, qualquer apoio público à tauromaquia e a atividades a ela relacionadas. Entre as propostas estava o fim das isenções fiscais dadas pelas autarquias. Não vingou.