A forma como a SIC tem tratado uma resposta da ministra da Cultura, Graça Fonseca, a uma pergunta de uma jornalista da estação deixou a governante indignada. O caso aconteceu numa cerimónia nos jardins do Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, quando a jornalista perguntou sobre as iniciativas do grupo União Audiovisual, que está a dar apoio a famílias de artistas carenciados, a resposta foi pronta e terminou a entrevista: «Só falo de arte contemporânea. Portanto, muito obrigada e vamos beber o drink de fim de tarde». Graça Fonseca revela até que não ouviu a pergunta da jornalista, garantindo que só estaria ali para falar de arte contemporânea.
Pouco depois, a jornalista em questão, Iryna Shev, partilhou a situação no seu Twitter: «Tentei perguntar à Ministra da Cultura o que se faz com as famílias do setor que estão a passar fome. Convidou-me para um drink», lê-se.
A estação do grupo Impresa entendeu não deixar passar este caso em branco e, desta vez, outra jornalista da SIC voltou a confrontar a ministra com a mais recente polémica. «E também perguntar sobre uma resposta sua bastante polémica que está a causar alguma comoção sobre, justamente, apoios a pessoas com dificuldades no setor, se sente que tem condições políticas para continuar, se quer fazer algum comentário».
Graça Fonseca recusou responder a essa pergunta, remetendo para a jornalista que a tinha questionado da primeira vez: «Eu não vou dar uma resposta porque a sua colega está presente e portanto acho que a sua colega poderá responder, se entender, assim própria diretamente. Dizer que eu não tenho resposta, ou que o Governo não tem resposta, a minha resposta é: desde o dia 4 de junho que essa resposta está dada».
A polémica não ficou por aqui. Esta sexta-feira, a Ministra da Cultura foi ao Primeiro Jornal da SIC, onde anunciou uma linha de apoio especial extraordinário no valor de 70 milhões de euros a que vão poder candidatar-se os trabalhadores do setor da cultura a partir de segunda-feira.
À parte do anúncio, Bento Rodrigues voltou a insistir no caso, ao questionar se a ministra se sentia em condições para continuar o cargo.
Desta vez, a resposta foi clara: «Alguém, quem quer que seja, chame-se Graça Fonseca ou chame-se outro nome qualquer, que conseguiu aprovar um reforço de 70 milhões de euros para seis meses na área da cultura, que conseguiu o que conseguiu aprovar a primeira linha de apoio social exclusivamente para artistas, autores e técnicos na área da cultura, não concorrencial com nenhum outro setor, a Ministra da Cultura que conseguiu, depois de 20 anos, sem nenhuma aquisição de trabalhos de artistas nacionais comprar a minha convicção é que qualquer pessoa que tenha conseguido isto tem condições para ser ministra».
Além disso, Graça Fonseca falou ainda ainda sobre a questão do ‘drink’: «A sua colega jornalista não me incomoda. Faço relações públicas há 20 anos, aprendi a respeitar todos. Nenhum jornalista me incomoda», disse.
Na mesma entrevista, Graça Fonseca pediu responsabilidade à comunicação social: «A situação que a cultura vive é muito grave e exige da comunicação social responsabilidade e seriedade».
Quanto à situação dos trabalhadores da cultura, a Ministra da Cultura, diz estar preocupada: «Claro que me incomoda o facto de pessoas estarem a passar mal. Incomoda a ministra da Cultura, como incomoda qualquer pessoa. A situação é especialmente grave na cultura porque existem, há demasiados anos, carreiras contributivas muito irregulares e as respostas têm que ser agora com apoios sociais».