Ana Gomes decide em “breve” se é candidata a Belém e ataca António Costa

Ex-eurodeputada do PS critica tentativa de Costa de condicionar os governantes na campanha das eleições presidenciais.

Ana Gomes vai anunciar em breve se avança com uma candidatura à presidência da República e lamenta que António Costa esteja a tentar condicionar os seus ministros em relação às eleições previstas para o início do próximo ano.

A ex-eurodeputada socialista tem recebido incentivos para se candidatar contra Marcelo Rebelo de Sousa. A decisão será anunciada em breve depois de um período de reflexão em que avaliou se tinha condições para assumir esta candidatura. No seu habitual comentário, na SIC, Ana Gomes garantiu que essa reflexão está “a chegar ao fim e em breve” comunicará a uma decisão.

A dirigente socialista voltou a criticar a posição assumida por António Costa em relação às presidenciais. A socialista considera “estranho” que o secretário-geral do PS tenha assumido, na entrevista ao Expresso, neste fim de semana, que “os membros do Governo devem ter em relação às presidenciais um particular dever de reserva, tendo em conta aquilo que é a relação que o Governo deve manter com o próximo Presidente, com quem terá de conviver muito tempo”.

O recado era dirigido para o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, que, ao contrário de muitos socialistas, rejeita alinhar no apoio a Marcelo. Nuno Santos já garantiu publicamente que apoiará um candidato de esquerda.

Para Ana Gomes, a posição assumida pelo secretário-geral do partido é outra das “afirmações estranhas”, porque António Costa pediu “um particular dever de reserva” aos governantes, mas ele próprio assumiu que “havia um problema grave no conjunto do país” no caso de o atual Presidente da República não se recandidatar. “O primeiro-ministro e o PS é que criaram esse problema. Desistiram de ter um candidato”, disse.

Ana Gomes criticou também António Costa por “acenar com uma crise política”. A socialista considerou que é uma situação “muito perturbante”, porque o país está a atravessar uma crise económica e social “dramática” e não se deve ameaçar aqueles com quem se vai negociar.

O PS ainda não discutiu a posição que vai assumir em relação às eleições presidenciais, mas várias figuras com peso no partido já manifestam o seu apoio ao atual Presidente da República. O mais provável é o partido não apoiar oficialmente nenhum candidato como aconteceu nas últimas eleições presidenciais e dar liberdade de voto aos militantes. De fora está a hipótese de apoiar Ana Gomes e muito dificilmente aparecerá um candidato da área socialista. O presidente do PS, Carlos César, já deixou claro que não votará “nunca num candidato ou candidata distante das pessoas, rude” e “divisionista”. Nessa altura, César assumiu que a sua opção preferida é que seja dada liberdade de voto aos militantes.

Ferro Rodrigues, Jorge Coelho ou João Soares estão entre os socialistas que já admitiram apoiar Marcelo para um segundo mandato em Belém.

O PS poderá só definir uma posição depois de serem conhecidos todos os candidatos. Marcelo Rebelo de Sousa tem adiado essa decisão. Primeiro disse que iria anunciar em novembro, mas a última vez que falou sobre presidenciais atirou esse anúncio para o último mês do ano.

André Ventura, do Chega, e Tiago Mayan Gonçalves, da Indicativa Liberal, já anunciaram que vão entrar na corrida. O Bloco de Esquerda e o PCP ainda não anunciaram os candidatos que vão apoiar. Os comunistas já deram, porém, a garantia que vão apresentar um candidato próprio.