Portugal poderá chegar a dezembro com quase 20 mil casos diários de covid-19 e a epidemia poderá causar cerca de 8 mil mortes até ao final do ano. As projeções são do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde (IHME) da Universidade de Washington, que divulgou nos últimos dias um conjunto de projeções e diferentes cenários para o que tem sido considerada uma segunda vaga da pandemia. Os investigadores traçam projeções para todos os países, assumindo três cenários. A “projeção atual”, que prevê que Portugal chegue ao início de 2021 com 8113 mortes atribuíveis à covid-19, assenta no pressuposto de que a população continua a usar máscaras em público como até aqui, que o alívio de medidas restritivas se mantém mas que as medidas mais apertadas de confinamento são reintroduzidas por seis semanas quando se atinge o patamar de 8 mortes por milhão de habitantes, incluindo o fecho de escolas e serviços não essenciais. Na análise da Universidade de Washington, se tal não acontecer, Portugal poderá chegar no final do ano no patamar dos 80 mil casos diários de covid-19. Já no cenário de reintrodução de medidas, o que aconteceria no início de dezembro – estimam que se chegue ao patamar as 80 mortes por dia a 3 de dezembro – as infeções começariam então a diminuir do patamar dos 20 mil casos diários. Um terceiro cenário mais favorável assume que o uso de máscaras aumenta para 95% da população no espaço de sete dias e mais tarde se reintroduzem medidas de confinamento caso se ultrapasse o patamar das oito mortes por milhão de habitantes. Nesse cenário, as projeções apontam para um aumento mais gradual dos casos, com um pico de 17 mil infeções diárias no fim de dezembro e 4015 mortes até ao final do ano, sendo que só no final de dezembro regressariam medidas de confinamento.
As projeções sugerem que no pico da epidemia em dezembro, no cenário central, poderão ser necessárias 1754 camas de cuidados intensivos para doentes com covid-19 e 1600 ventiladores, necessidades que colocam a cima da linha de capacidade instalada no país neste momento. Já o pico de camas necessárias para doentes covid-19 no cenário central de evolução da pandemia seria de 4262 camas, dentro da capacidade instalada.
Esta segunda-feira o ponto de situação nacional será apresentado na reunião entre peritos e decisores políticos, agendada para a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. As chamadas reunião do Infarmed, que mudam assim de endereço, serão agora transmitidas online. O encontro arranca às 15h e o programa inclui apresentações sobre a situação epidemiológica o estudo de caso-controlo (em que um dos objetivos era perceber o efeito dos transportes públicos), a app StayAway Covid e uma futura vacina. Uma segunda parte será dedicada à covid-19 nas crianças e ao desafio do regresso às aulas. Segundo a última análise do Instituto Ricardo Jorge, a epidemia regista uma tendência crescente. Na última semana de agosto, o RT situou-se em 1,14. Este domingo registaram-se 315 novos casos de covid-19.
A análise da Universidade de Washington está já a fazer soar os alarmes. Durante o fim de semana, o deputado-social democrata Ricardo Baptista Leite considerou muito preocupantes as projeções, um elemento adicional para a antecipação dos próximos meses. A nível global, o IHME prevê que a epidemia de covid-19 possa causar um total de 2,8 milhões de mortes até ao fim do ano, estimando que o uso universal de máscaras reduziria o impacto em 30%, para dois milhões de mortes.